Steven Spielberg disse que quer bater o recorde de Manoel de Oliveira, que fez filmes depois dos 100 anos, garantindo que ainda não chegou ao fim da carreira.
O realizador de 76 anos mostrou-se muito comovido ao receber o Leão de Ouro pela carreira na terça-feira à noite no festival de Berlim das mãos de Bono, que citou um a um muitos dos filmes, destacando que o primeiro deles para o cinema, "Asfalto Quente" (1974), tem um lugar especial nas suas memórias de ir ao cinema.
Recebido com uma ovação de cinco minutos ao entrar na sala ao lado da esposa Kate Capshaw, Spielberg disse estar "emocionado porque não consegui fazer nada sozinho. Todos os meus filmes foram feitos em colaboração com grandes pessoas. Toda a minha vida, a minha família - tudo é colaboração" e citou influências do cinema alemão como F. W. Murnau, Ernst Lubitsch , Rainer Werner Fassbinder, Werner Herzog, Margarethe von Trotta, Wim Wenders, Wolfgang Petersen, Volker Schlöndorff e Tom Tykwer.
Apesar de fazer filmes há seis décadas, o realizador destacou que sentia que fez "no ano passado" os filmes "Um Assassino Pelas Costas" (um telefilme de 1971 que foi lançado nos cinemas de vários países) e "Tubarão" (1975).
"Sei muito mais sobre cinema do que sabia quando fiz o meu primeiro filme aos 25. Mas as ansiedades, as incertezas e os medos que me atormentavam quando comecei a filmar 'Um Assassino Pelas Costas' permaneceram vivos há 50 anos, como se o tempo não tivesse passado. E felizmente para mim, o entusiasmo eletrizante que sinto no primeiro dia de trabalho como realizador é tão forte como os meus medos, porque não há lugar mais parecido com um lar para mim do que quando estou a trabalhar num set”, disse ao público.
Notando o prémio pelo chamado 'lifetime', Spielberg disse com humor que se sentia "um pouco alarmado ao dizerem-me que vivi uma vida inteira porque não acabei, quero continuar a trabalhar. Quero continuar a aprender e descobrir e assustar-me e, às vezes, até a vocês. Tenho que voltar a alguns desses filmes iniciais mais assustadores, mas isso é outra história para mais tarde. Enquanto houver alegria nisso para mim, e enquanto o meu público puder encontrar alegria e outros valores humanos nos meus filmes, tenho relutância em dizer que acabou".
"Gostaria de ultrapassar Manoel de Oliveira", avisou, citando o realizador português que fez o último filme aos 106 anos.
"Talvez consiga", acrescentou, dizendo ao público que tem um grande aliado na genética, já que o seu pai, retratado no seu recente filme "Os Fabelmans", viveu até aos 103.
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