A caminho dos
Óscares 2019
Em 90 anos de Óscares, nenhuma produção falada num idioma diferente do inglês venceu a principal categoria, a de melhor filme. E "Roma", um filme independente, em preto e branco, falado em espanhol e um dialeto indígena, tem grandes hipóteses de romper a tradição quase centenária.
Se o envelope final da cerimónia indicar que o vencedor é "Roma", o filme fará também história por ser a primeira produção da Netflix a vencer a estatueta, algo que não agrada a todos na indústria.
Outros 10 filmes "estrangeiros" como "A Vida é Bela" e "O Tigre e o Dragão" foram nomeados na categoria de melhor filme, mas nenhum deles conseguiu a vitória.
Por este motivo, embora muitos analistas apontem o filme de Cuarón como favorito é preciso esperar até à abertura do envelope ao final da longa cerimónia.
Os prémios dos sindicatos servem de termómetro para a cerimónia da Academia e por este motivo parece muito claro que Glenn Close deve sair vitoriosa como melhor atriz por "A Mulher", enquanto Mahershala Ali ("Green Book") e Regina King ("Se Esta Rua Falasse") devem triunfar entre os atores secundários.
Outras categorias apontadas como praticamente definidas são a de melhor realizador para Cuarón e de filme em língua estrangeira para "Roma". Mas na categoria de melhor filme resta a incógnita.
"Green Book", em que Ali interpreta o pianista negro Don Shirley e que conta a viagem que ele fez com o motorista branco Tony "Lip" Vallelonga (Viggo Mortensen) pelo sul dos Estados Unidos na época da segregação, também é considerado um dos favoritos.
Os prognósticos mencionam apenas estas duas produções, mas é necessário esperar pelo fim da cerimónia para ter certezas.
"Pantera Negra", "Infiltrado na Klan", "Bohemian Rhapsody", "A Favorita", "Nasce uma Estrela" e "Vice" também disputam o prémio de melhor filme.
Muitos críticos de "Roma" procuram travar o avanço da Netflix, afirmam analistas.
A gigante do streaming, que disputa pela primeira vez as principais categorias dos Óscares, é criticada pelos estúdios tradicionais por privilegiar a distribuição na internet, com exibições muito limitadas nas salas de cinema.
"'Roma' poderia estar à frente sem importar quem é a distribuidora", afirmou à AFP Peter Debruge, crítico da revista Variety. "Mas a Netflix foi a empresa que apostou, que arriscou com este filme", disse.
Na disputa pela estatueta de melhor ator a interpretação de Rami Malek como Freddie Mercury, líder dos Queen, em "Bohemian Rhapsody" parece ter mais hipóteses que a transformação de Christian Bale em "Vice".
A organização desta edição dos Óscares enfrentou diversos fiascos, que incluiram ideias como a criação de uma ambígua categoria de filme popular ou o anúncio de categorias importantes durante intervalos comerciais, ambas abortadas após fortes críticas.
Os prémios não terão um apresentador pela primeira vez desde 1989, depois de o comediante Kevin Hart ter desistido do papel por recusar-se a pedir desculpas por tweets homofóbicos que publicou há vários anos.
A última cerimónia sem apresentador é recordada pelo desastroso dueto musical entre Rob Lowe e a personagem Branca de Neve durante a abertura.
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