A atriz britânica Samantha Morton revelou que Harvey Weinstein tentou destruir a sua carreira praticamente quando ainda estava a dar os primeiros passos em Hollywood.
Nomeada para os Óscares pelos filmes "Através da Noite" (1999) e "Na América" (2003), mas conhecida do grande público principalmente graças a "Relatório Minoritário" (2002), a atriz, agora com 46 anos, alegou no "The Louis Theroux Podcast" que o antigo produtor da Miramax e da Weinstein Company, a cumprir 23 anos de prisão por crimes sexuais, garantiu que faria tudo ao seu alcance para que "não voltasse a trabalhar".
Tudo porque recusou a proposta para participar no projeto "Irresistível Adam" (2000), uma comédia romântica que acabou por juntar Kate Hudson, Stuart Townsend e Frances O'Connor.
A atriz recorda-se de ter dito à diretora de casting: "Não gosto. Acho que o filme é realmente misógino e não quero fazer parte dele".
"Não se diz não ao Harvey", foi a resposta que recebeu.
Naquele momento, Samantha Morton tentou esclarecer que estava a rejeitar o projeto e não o produtor, no auge do seu poder com a vitória nos Óscares com "A Paixão de Shakespeare", acrescentando que fizera há pouco tempo outro filme com Stuart Townsend chamado "Under The Skin" (1997).
"Simplesmente não era interessante para mim. Fui super educada", garantiu.
E recordou o que aconteceu a seguir: "Recebi uma chamada a dizer 'Não podes dizer não'. O 'não' não estava a ser ouvido. Portanto, continuaram a voltar com este papel e foi-me dito sem rodeios 'Não voltarás a trabalhar outra vez a não ser que faças este papel. Vou tornar a tua vida num inferno. Não voltarás a trabalhar'".
A atriz, vista recentemente no filme "A Baleia", sente que o produtor cumpriu a ameaça, nomeadamente quando foi rejeitada por ser "incapaz de despertar o desejo sexual" a favor de Lena Headey para "Os Irmãos Grimm", um filme de Terry Gilliam com Matt Damon e Heath Ledger.
Perante a reação e esquecida do que tinha acontecido à volta de "Irresistível Adam", Samantha Morton ficou a pensar se o produtor tinha alguma coisa contra ela.
"Tinha esquecido porque tinha sido há muito tempo. E todos estes anos depois percebi que [quando] recebo uma proposta, quando recebo a carta de um realizador, se a Miramax ou a Weinstein Company tivessem algo a ver com isso, seria horrível para mim", explicou.
"Ele tinha uma razão, uma razão profunda, para tentar e destruir a minha carreira. Categoricamente não o conseguiu, porque continuei a trabalhar, fazendo cinema independente à volta do mundo", concluiu com satisfação.
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