O projeto do filme “Nha Terra Nha Força”, que “navega entre o documentário e a ficção fantástica” tem como objetivo “retratar um grupo de cerca de dez jovens, numa aldeia, que vive dentro da caldeira de um vulcão em atividade na ilha do Fogo, em Cabo Verde”, revelou à Lusa o realizador e editor de imagem.
“Esta aldeia, desde a última erupção, que terminou em 2015, está em constante construção. É um filme que procura mostrar a força destes jovens, que vão contra uma ideia predefinida de emigração África–Europa. Eles querem ganhar raízes ali e ficar ali”, explicou Paulo Carneiro.
“Este projeto nasceu por forma de identificação muito próxima com eles, estive em Chã das Caldeiras algumas vezes, é quase um filme entre amigos, conhecemo-nos muito bem, trocámos muitas impressões”, adiantou.
O realizador de “Bostofrio”, a sua primeira longa-metragem, que se estreou no final de 2019 nos cinemas, já tinha sido um dos 255 escolhidos para integrar o programa “Berlinale Talents 2020”.
Nesta edição do Festival Internacional de Cinema de Berlim, volta a integrar a mesma secção, mas desta vez com o projeto de um filme, cujas reuniões de coprodução tiveram lugar precisamente durante a última Berlinale.
“Sabia que era muito difícil ser selecionado, ainda mais quando já tinha estado no ‘Talents’ no ano passado, sem projeto. Mas claro que fiquei muito contente. Estou a tentar pela primeira vez um filme financiado, então isto é uma montra importante para que o projeto tenha mais visibilidade e consiga seguir em frente”, confessou.
Durante cinco dias, irão decorrer discussões online do projeto, durante as quais se prevê a “reformulação de pequenas coisas e a adaptação à indústria”.
“São reuniões online, com muita gente, outras só com os mentores. Depois vamos preparar o projeto para uma apresentação final, que será com os outros colegas, com quem também teremos outras sessões de trabalho. Também estão previstas apresentações para canais de televisões, canais de distribuição, coprodutores”, destacou Paulo Carneiro.
“Nha Terra Nha Força” é uma produção da Kintop, com coprodução da Providences (França) e La Pobladora Cine (Uruguai) e está previsto ter a duração de 80 minutos. Atualmente em fase de financiamento, o projeto já obteve apoio do Centro Nacional do Cinema e da Imagem Animada, em França, no contexto do Fundo Luso-Francês de coproduções cinematográficas.
Nesta 19.ª “Berlinale Talents”, um programa de formação, conversas e encontros, participam 205 profissionais de 65 países. Além de Paulo Carneiro, integram a secção o realizador português David Pinheiro Vicente e a ‘designer’ de som portuguesa Inês Adriana.
A eles juntam-se a realizadora canadiana Joelle Walinga e a produtora brasileira Janaina Bernardes, que trabalham com Portugal.
A 71.ª edição do festival decorrerá em dois momentos, numa tentativa de adaptação à situação global da COVID-19. Entre 1 e 5 de março acontecerá um evento da indústria, em formato online’, para profissionais do setor, júris e imprensa especializada, e entre 9 e 20 de junho a programação será para o público.
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