«Isto não é uma ocupação selvagem, nem é para hostilizar, mas é para perceberem que, de facto, os produtores e os realizadores estão com problemas e que as verbas têm que ser desbloqueadas», disse
Fernando Vendrell. O produtor explicou que chegou à sede do ICA, instalou-se na entrada, onde ligou o computador e começou a programar o dia. Foi convidado pela direção do organismo a instalar-se numa sala para poder trabalhar.
«Já tive reuniões de trabalho, mas a situação é muito complicada para quem tem créditos bancários e tem que fazer os seus descontos nos bancos para sustentar a atividade», afirmou Fernando Vendrell.
Esta foi a forma que o produtor e realizador encontrou para, mais uma vez, chamar a atenção para a situação de paralisia do setor, apesar da proposta de lei do Governo para o cinema e audiovisual ter sido aprovada no Parlamento, no final de julho, antes das férias parlamentares.
Há compromissos financeiros que o ICA não está a cumprir por problemas de liquidez, indicou Fernando Vendrell e no caso da produtora David & Golias, que fundou, aguarda pelo menos cerca de 200 mil euros de apoio para um filme da realizadora Inês Oliveira.
«É uma situação insustentável e as perspetivas não são positivas» em relação ao compromisso de abertura dos concursos de 2012 em setembro, como tinha adiantado o secretário de Estado da Cultura, disse Fernando Vendrell.
De acordo com o produtor, a atual direção do ICA, que se mantém apesar de ter apresentado a demissão, deverá reunir-se em breve com agentes do setor para voltar a discutir o problema do financiamento e da abertura dos concursos.
Fernando Vendrell explicou que ficará a trabalhar nas instalações do ICA enquanto puder, até por uma questão de transparência do modo de trabalhar, disse.
«Houve uma vontade do secretário de Estado de aprovar a lei, mas não conseguimos compreender a demora no desbloqueio dos concursos. Vai atrasar todo o calendário», disse.
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