O “rei do rock” visto pela esposa: a cineasta Sofia Coppola optou por seguir o ponto de vista de Priscilla Presley, até agora nas sombras, para contar no grande ecrã “os altos e baixos” de um casal lendário.
“Priscilla”, com estreia portuguesa anunciada para 7 de março, três dias antes da cerimónia dos Óscares em que espera ter algumas nomeações (conhecidas só a 23 de janeiro), baseia-se no livro “Elvis e eu”, publicado em 1985, onde Priscilla Presley conta a sua vida com o famoso cantor, com quem foi casada de 1967 a 1973.
“Elvis e Priscilla são um casal lendário, mas não sabemos muito sobre ela nem o seu ponto de vista”, explicou Sofia Coppola ao apresentar o filme no Festival de Cinema de Veneza, em Setembro.
Elvis conheceu a sua futura esposa na Alemanha, onde cumpria o serviço militar, quando ela tinha apenas 14 anos, dez anos mais nova do que ele.
O cantor convidou-a então para a sua mansão em Graceland, onde ela teve que enfrentar o ambiente, o caráter sombrio e a dependência de medicamentos do “rei do rock”. Elvis escolhia as suas roupas e até a faz mudar a cor do cabelo...
Em 1968 tiveram uma filha, Lisa-Marie, que faleceu em janeiro deste ano. Mas a união acabou com a partida de Priscilla em 1973.
A realizadora de “Lost in Translation” e “Marie Antoinette” disse que viu o seu filme como “uma história humana” sobre “a evolução de uma jovem neste mundo, que acaba por partir para encontrar o seu lugar”.
O papel principal é da norte-americana Cailee Spaeny, que ganhou o prémio de interpretação em Veneza. O australiano Jacob Elordi, conhecido pela trilogia de filmes "A Banca dos Beijos" e a série " Euphoria", interpreta Elvis Presley, falecido em 1977.
Enquanto “Elvis” (2022), de Baz Luhrmann, foca-se na relação do artista com o seu empresário, Sofia Coppola privilegia o “ponto de vista de Priscilla”.
“Imaginei-me na sua história e realmente tentei fazer o filme do ponto de vista dela”, explicou.
“É isto que gosto no cinema, a possibilidade de viver a história de outra pessoa muito diferente de mim”, esclareceu.
A cineasta de 52 anos disse ainda que se divertiu a brincar com as cores, recorrendo a tons mais vivos quando o casal vai a Las Vegas, e selecionando a banda sonora do filme, que combina temas da época (mas nenhuma de Elvis) com outras mais contemporâneas.
Priscilla Presley, com 78 anos, esteve muito envolvida na produção do filme, dando conselhos e partilhando memórias com Sofia Coppola e os seus atores.
“É muito difícil estar sentada e assistir a um filme sobre a sua vida, sobre o seu amor”, confidenciou emocionada em Veneza, antes de explicar por que decidiu deixar o “rei do rock”.
"Saí, mas não porque não o amasse mais. Ele era o amor da minha vida. No entanto, o seu estilo de vida era muito difícil para mim e acho que qualquer mulher pode entender isso", contou.
Mesmo após a separação, “ficámos muito, muito próximos e é claro que tínhamos a nossa filha, e fiz o que era necessário para que pudesse sempre vê-la".
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