O realizador e opositor iraniano Jafar Panahi, que foi detido na semana passada em Teerão, vai cumprir uma pena de seis anos de prisão, de acordo com uma sentença proferida em 2010, anunciou hoje a Justiça do Irão.
Panahi, de 62 anos, um dos realizadores mais premiados do Irão, "foi condenado em 2010 a seis anos de prisão (…) e foi levado para o estabelecimento prisional de Evin para cumprir a sua pena", disse o porta-voz do Judiciário iraniano, Massoud Sétayechi, durante uma conferência de imprensa em Teerão.
Panahi foi condenado em 2010 por "propaganda contra o regime", depois de apoiar o movimento de protesto de 2009 contra a reeleição do ultraconservador Mahmoud Ahmadinejad como Presidente do Irão.
O realizador recebeu uma pena de seis anos de prisão e 20 anos de interdição de viajar, filmar ou falar nos ‘media’. Detido por dois meses em 2010, Panahi vivia em regime de liberdade condicional, que poderia ser revogado a qualquer momento.
Em 11 de julho, o realizador foi detido em Teerão, dias depois da detenção de dois outros cineastas, críticos do regime iraniano. Panahi foi detido depois de se ter apresentado ao Ministério Público para acompanhar o caso do realizador Mohammad Rasoulof.
Os realizadores Mohammad Rasoulof e Mostafa Aleahmad foram detidos em 8 de julho, acusados de perturbação da ordem pública e de terem encorajado protestos contra o governo iraniano, após o colapso de um prédio, em maio, no sudoeste do Irão, que causou mais de 40 mortos.
Na altura, um grupo de realizadores iranianos, liderado por Rasoulof, publicou uma carta aberta pedindo a deposição de armas das forças de segurança em resposta à "corrupção" e "incompetência" do governo.
Os festivais de Berlim, na Alemanha, e de Cannes, em França, já condenaram as detenções e exigiram a libertação dos realizadores.
Jafar Panahi obteve um Leão de Ouro em 2000, no festival de cinema de Veneza, pelo filme "O Círculo", e o Prémio de Melhor Argumento, em Cannes, em 2018, com a película "Três Faces", três anos depois de ter conquistado o Urso de Ouro, em Berlim, por "Táxi", também conhecido por "Taxi Teerão", filme dirigido e protagonizado clandestinamente pelo próprio realizador, depois de ter sido proibido pelo governo iraniano de voltar a filmar, durante 20 anos.
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