A antestreia do filme “Stop – Salas de Ensaio para um materialismo histórico”, de Jorge Quintela, é um dos destaques do festival Porto/Post/Doc, que regressa ao Porto a 22 de novembro com um programa temático intitulado “O Movimento dos Povos”.
O documentário sobre o centro comercial portuense, com 20 minutos de duração, inspira-se na história daquele local icónico, repleto de salas de ensaio e estúdios e que viu a maioria das suas frações serem seladas em julho de 2023, deixando quase 500 artistas e lojistas sem terem para onde ir.
O documentário “é uma abordagem muito peculiar, um momento de ativismo”, sintetizou o diretor do Porto/Post/Doc, Dario Oliveira, hoje em conferência de imprensa.
Dario Oliveira destacou também “Apocalipse nos trópicos”, da brasileira Petra Costa, documentário escolhido para a sessão de abertura do festival.
“Achamos muito importante começar o festival com este documentário”, disse, acrescentando que “Apocalipse nos trópicos” é dedicado à “promiscuidade crescente entre a política e a religião no Brasil” e noutras partes do mundo como os EUA.
“O Movimento dos Povos”, programam temático de filmes e fóruns de discussão, traz o tema genérico a apresentar em três partes, ao longo das próximas três edições do festival, começando este ano com “A Europa não existe, eu estive lá”, seguindo-se “O Tempo de uma Viagem” (2025) e “O País dos Outros” (2026), avançou Dario Oliveira.
Foi “muito difícil escolher os sete filmes” para a frase provocação “A Europa não existe, eu estive lá” para esta edição de 2024, admitiu Dario Oliveira.
Os sete filmes selecionados do programa “Europa não existe, eu estive lá” são “The Ascent”, de Larisa Shepitko, “Padre Padrone”, de Paolo Taviani, “Landscape in the mist”, de Theodoros Angelopoulos, “Safe Journey – Latcho Drom”, de Tony Gatlif, “The Passion of Joan of Arc”, de Carl Theodor Dreyer, “The Song of Others – A search of Europe”, de Vadim Jendreyko, e “Take care of your scarf, Tatjana”, de Aki Kaurismäki.
“Os sete filmes oriundos de extremos geográficos e que convocam o pensamento desses realizadores sobre como o cinema retratou, e muitas vezes antecipou, as soluções e superação da Europa para as suas piores crises humanitárias”, lê-se no dossier de imprensa.
Na conferência de imprensa foi também destacado o cruzamento do cinema com a música no programa Transmission deste ano, designadamente o “documentário generativo sobre Brian Eno”, “a docuficção sobre os americanos Pavement”, a “visita à história de sucesso dos Abba”, “o olhar sobre a carreira do ícone queer Peaches”, “o registo da gravação de disco a solo de Lee Ranaldo” e os “cruzamentos entre realpolitik e cultura de ‘Soundtrack to a Coup D’Etat’”.
Esta edição conta ainda com uma secção infantojuvenil, com propostas direcionadas a escolas, um programa para famílias e um programa dedicado a jovens e adolescentes.
Os bilhetes estão disponíveis a partir de hoje, com ingressos a cinco euros e descontos vários, mas apenas disponíveis nas bilheteiras físicas dos vários locais.
O festival de cinema acontece em várias salas da cidade do Porto, com destaque para o Batalha Centro de Cinema, Trindade, Passos Manuel, Ferro bar, Casa Comum, Reitoria da Universidade do Porto ou no Planetário do Porto.
Antes, a organização do festival que vai decorrer até 30 de novembro já tinha anunciado que vai ter em foco a obra da realizadora georgiana Salomé Jashi.
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