O passo será também seguido por cineastas como Wes Anderson, Zack Snyder, John Boorman e Fernando Trueba. O conjunto de cineastas de prestígio a tentarem a sorte como realizadores de filmes de animação é cada vez mais significativo. Após
George Miller, autor da trilogia
«Mad Max» conquistar as bilheteiras (e um Óscar) com
«Happy Feet» e de
Luc Besson ter assinado
«Artur e os Minimeus», há um numero cada vez maior de autores de imagem real a apostarem no filme animado.
Isto para já não falar daqueles que se deixaram seduzir pelo processo híbrido de animação e imagem real que é o «motion-capture», nada menos que
Robert Zemeckis (
«Polar Express»,
«Beowulf» e o futuro
«A Christmas Carol»),
James Cameron (
«Avatar»),
Steven Spielberg e
Peter Jackson (o díptico sobre Tintin).
O francês
Patrice Leconte é o mais recente autor a juntar-se à moda, com um filme de longa-metragem em animação por computador que, como quase todos os acima, beneficiará do novo processo de 3 Dimensões. O filme chamar-se-á
«Le Magasin des Suicides» e o cineasta apresentou-o no
Festival Internacional de Cinema de Animação de Annecy, a decorrer até 13 de Junho.
Trata-se de uma adaptação do «best-seller» com o mesmo título de
Jean Teulé, que vendeu cerca de 300 mil exemplares e foi editado em 15 países. Em Portugal, o título foi traduzido de forma literal para
«A Loja dos Suicídios». A história é a de uma loja onde, há dez gerações, se vendem todos os ingredientes necessários ao suicídio. A pequena empresa familiar prospera até ao dia em que lhe surge pela frente um adversário inesperado: a alegria de viver.
Leconte, que começou a sua carreira nas artes gráficas, sublinhou que «o universo da BD e do desenho animado não me é estranho mas nunca pensei um dia realizar uma longa-metragem de animação. Era preciso um projecto excepcionalmente pessoal para eu me lançar».
A ajudá-lo na tarefa está Arthur Qwack, actualmente a trabalhar no desenvolvimento gráfico do filme, e que co-realizou a película de animação por computador
«Chasseurs des Dragons». Mas a ideia de concretizar a película desta maneira surgiu de um jovem produtor, Gilles Podesta. «Eu conhecia bem Jean Teulé, tinha gostado muito do seu romance, mas, sinceramente, não via como traduzi-lo para cinema», sublinha Leconte. «Só quando Gilles teve a brilhante ideia de fazer o filme em animação é que eu aceitei».
Com um orçamento de 15 milhões de euros, Leconte define o universo da fita como sendo de «humor negro mas alegre, como as obras de
Tim Burton».
Mas além de Leconte, outros cineastas de vulto na imagem real estão já a preparar a sua estreia na longa-metragem de animação. Muito divulgados têm sido
«The Fantastic Mr. Fox», de
Wes Anderson, que deve estar a ultimar a produção para estreia ja em Novembro, e
«Guardians of Ga’Hoole», de
Zack Snyder, que também parece avançar a bom ritmo no estúdio australiano Animal Logic.
Menos conhecidos, e em fase menos avançada de desenvolvimento, estão outros dois projectos, que começaram já a ser falados em Annecy. Um é
«Chico e Rita», realizado por
Fernando Trueba, cineasta espanhol oscarizado por
«Belle Époque», que funde animação 2D e 3D e casa a paixão do realizador pelo música cubana e a arte gráfica de Javier Mariscal. O outro é
«The Wonderful Wizard of Oz», a ser realizado por
John Boorman, que assinou fitas como
«A Floresta Esmeralda» e
«Fim de Semana Alucinante», e aqui se lança não só num filme de animação por computador mas também numa história de teor infantil.
Em Annecy, o Studio Action Synthese está a recrutar profissionais para os seus próximos projectos, e um deles é precisamente esta nova adaptação do romance de
Frank L.Baum para estrear em 2012, sendo um dos outros uma nova longa-metragem do
«Carrocel Mágico», intitulada
«Pollux, the Beginning», para ser lançada um ano antes.
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