A caminho dos
Óscares 2024
A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas anunciou na quarta-feira alterações significativas nas regras de qualificação aos Óscares, que vão apertar critérios de distribuição doméstica, impondo maior presença nas salas de cinema, com impacto no streaming e em filmes estrangeiros.
A mudança será efetiva a partir do próximo ano e afetará os filmes que se estrearem em 2024. Para se qualificarem à nomeação de Melhor Filme na 97.ª edição dos Óscares, que decorrerá em 2025, os filmes terão de ter uma distribuição mais alargada nos EUA.
Estes filmes terão de ser lançados em pelo menos oito dos 50 maiores mercados regionais norte-americanos, além do território de origem e de um dos 15 maiores mercados cinematográficos internacionais. Também terão de estar no cinema durante mais de uma semana, que é o critério mínimo atual.
A título de exemplo, um filme português teria de ser estreado em Portugal e em nove regiões dos EUA para ser considerado à nomeação, ou em oito mercados norte-americanos e mais um dos 15 maiores mercado internacionais.
Em teoria, poderia também ser lançado apenas nos 10 maiores mercados norte-americanos, embora tal fosse pouco provável.
O certo é que as alterações afetam todos os filmes, internacionais ou norte-americanos: todos passam a ser obrigados a ter maior distribuição nas salas de cinema.
Agora, um filme terá não só de completar uma semana no cinema em pelo menos uma de seis cidades definidas pela Academia – Los Angeles, Nova Iorque, São Francisco, Chicago, Miami ou Atlanta –, mas também expandir a sua presença em mais territórios nos 45 dias a seguir.
Após essa primeira semana, o filme terá de ser mostrado durante mais sete dias em pelo menos 10 grandes mercados norte-americanos ou oito dos maiores nos Estados Unidos e dois internacionais.
A maioria dos grandes estúdios não deverá ter problemas em cumprir os critérios, que vão ter impacto sobretudo nos serviços de streaming como Netflix e Apple TV+, em filmes independentes e distribuidores internacionais.
O CEO da Academia Bill Kramer e a presidente Janet Yang disseram, em comunicado, que a revisão dos critérios servirá para reforçar a presença dos filmes nas salas de cinema, numa altura em que há cada vez mais candidatos à nomeação oriundos de streaming, que fazem investimentos limitados em distribuição fora da televisão.
Em 2022, “CODA - No Ritmo do Coração”, da Apple TV+, venceu o Óscar de Melhor Filme com uma distribuição praticamente nula nos cinemas.
Em 2023, o filme alemão da Netflix “A Oeste Nada de Novo” foi nomeado a vários Óscares, incluindo Melhor Filme, e venceu quatro estatuetas.
“Para apoiar a nossa missão de celebrar e honrar as artes e ciências dos filmes, esperamos que esta expansão da presença nos cinemas aumente a visibilidade dos filmes em todo o mundo e encoraje as audiências a experimentar a nossa arte no ambiente da sala de cinema”, lê-se no comunicado.
“Com base em muitas conversas com parceiros da indústria, sentimos que esta evolução beneficia tanto os artistas como os fãs dos filmes”.
Estes critérios de distribuição não vão afetar as outras categorias dos Óscares, mas serão necessárias para candidatura à nomeação a Melhor Filme, a mais cobiçada de todas.
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