Depois de ter revolucionado onde e a forma como as pessoas veem séries graças a produtos como «House of Cards» e «Orange is the New Black», a plataforma de aluguer e «streaming» Netflix, com 44 milhões de membros e disponível em mais de 40 países, entra agora em Hollywood ao juntar-se ao estúdio The Weinstein Company para assegurar que a sequela de
«O Tigre e o Dragão» chegará às salas de cinema IMAX e Internet no mesmo dia: 28 de agosto de 2015.
O acordo revolucionário para este modelo de lançamento «day and date» para um filme desta visibilidade está a provocar ondas de choque em Hollywood e junto das grandes cadeias de cinema norte-americanas, que se mantêm fiéis ao modelo tradicional de estreias e resistem às tentativas de diminuição das janelas de exibição, isto é, o tempo que vai desde a estreia de um filme nas salas até à sua distribuição noutras plataformas.
As cadeias AMC, Cinemark e a Regal, as maiores do país, declararam que o filme não vai passar nas suas salas: «Não vamos participar numa experiência onde se pode ver o mesmo produto em ecrãs de tamanhos que vão dos três andares aos sete centímetros de um «smartphone»», afirmou mesmo Russ Nunley, porta-voz da Regal.
Harvey Weinstein, responsável pelo lançamento de filmes como «Sacanas sem Lei», «O Discurso do Rei» e «Django Libertado», foi cauteloso no tom do seu comunicado, mas sempre adiantou que «a experiência de ir ao cinema está a evoluir rápida e profundamente e o Netflix está inquestionavelmente na linha da frente desse movimento». O Netflix co-financiou o filme de 60 milhões de dólares e o acordo agora estabelecido prevê o lançamento de outros grandes títulos seguindo este modelo.
Baseado no quarto livro da chamada Pentalogia do Ferro do autor Wang Dulu (1909-1977), «O Tigre e o Dragão» foi aclamado logo que foi visto pela primeira vez a 16 de maio de 2000 no festival de Cannes. A carreira comercial começou nesse verão em vários países asiáticos e rapidamente se espalhou «online» a forma como mesclava uma história romântica com exóticos e épicos combates de artes marciais, tornando-se o filme que muitos queriam ver.
Progressivamente lançado em mais países, acabou por se tornar um fenómeno global, acabando por ser o 12º filme mais rentável desse ano nos EUA, onde continua a ser o maior sucesso de sempre de um filme estrangeiro, e o 19º a nível internacional. O filme consolidou o estatuto de
Ang Lee, deu um novo fôlego às carreiras de
Chow Yun-Fat e
Michelle Yeoh e lançou a de
Zhang Ziyi, ao mesmo tempo que voltou a introduzir junto do público ocidental o popular género cinematográfico «wuxia». O sucesso culminaria em 10 nomeações e quatro Óscares.
Atualmente em rodagem na Nova Zelândia, a sequela «Crouching Tiger, Hidden Dragon: The Green Legend», baseia-se no livro «Vaso de Prata, Cavaleiro de Ferro» (tradução literal), o quinto livro de Wang Dulu. É realizado por Yuen Wo-Ping, lendário coreógrafo de artes marciais («Matrix», «Kill Bill») e no centro da história, descrita como sendo de «um amor perdido, de amor jovem, de uma espada lendária e uma última oportunidade de redenção», que decorre 20 anos após os acontecimentos vistos no primeiro filme, estão Donnie Yen e Michelle Yeoh, a única presença do elenco do filme original.
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