O realizador Shane Black pediu desculpa por ter dado um pequeno papel a um ator amigo condenado por crime sexual, explicando ter descoberto que não conhecia todos os detalhes da história.
Na quinta-feira, o Los Angeles Times avançou que a 20th Century Fox tinha cortado uma cena de "O Predador" a menos de um mês da estreia nas salas de cinema após um alerta da atriz Olivia Munn, que descobriu que Steven Wilder Striegel (conhecido profissionalmente como Steve Wilder), com quem contracenara, estava registado como criminoso sexual na base de dados pública que existe nos EUA.
Ao Times, Olivia Munn considerou "tanto surpreendente como perturbador que Shane Black, o nosso realizador, não tenha partilhado esta informação com o elenco, equipa ou o estúdio Fox antes, durante ou após a produção. No entanto, estou aliviada que a Fox tenha tomado a decisão apropriada de apagar a cena com Wilder antes da estreia do filme quando finalmente recebeu a informação".
Além da cena em que faz avanços românticos à personagem de Olivia Munn, soube-se que Striegel também entrou em "Homem de Ferro 3" (2013) e "Bons Rapazes" (2016), a convite de Black. Os dois são amigos que se conheceram em 2004, cinco anos antes do primeiro ser preso e depois condenado a seis meses de prisão por se ter dado como culpado de tentar atrair aos 38 anos uma adolescente de 14 para uma relação sexual pela internet.
Ao jornal, o realizador deu uma justificação para as suas escolhas: "Decidi pessoalmente ajudar um amigo. Posso perceber que outros possam discordar, pois a sua condenação foi por uma acusação muito sensível que não pode ser encarada com ligeireza". Acrescentou que acredita há muito tempo que o amigo tinha sido "apanhado numa má situação versus algo lascivo".
Olivia Munn com o realizador Shane Black e Steven Wilder Striegel durante a rodagem de "O Predador".
Em contactos por email com o Times, Wilder, que também entrou em vários episódios da série "Melrose Place" na década de 90, descreveu a jovem de 14 anos como uma "parente distante" com quem falou em vários encontros da família sobre as pressões por que estava a passar enquanto adolescente e que, numa tentativa de aumentar a sua auto-estima, tomou "a decisão muito errada de lhe dizer nos emails que ela era muito bonita e sexy, não uma falhada, etc."
Porém, o mandato que deu origem à sua detenção alega que o contacto físico incluiu "beijar, tocar nos seios sobre a roupa, esfregar as suas pernas e acariciar o pescoço em várias ocasiões", o que este rejeita: "a única coisa pela qual foi acusado foram as palavras num email".
Em comunicado, Black diz que o artigo do Times lhe deu novos detalhes que não conhecia sobre a condenação.
"Tendo lido as notícias desta manhã, tornou-se tristemente claro para mim que fui enganado por um amigo que realmente queria acreditar estar a dizer-me a verdade quando descreveu as circuntâncias da sua condenação. Acredito fortemente em dar segundas oportunidades às pessoas, mas por vezes descobrimos que essa oportunidade não é tão justificada como gostaríamos", avançou o realizador.
"Após saber mais sobre o depoimento sob juramento [da vítima], transcrições e detalhes adicionais à volta da sentença do Steve Striegel, estou profundamente desiludido comigo próprio. Peço desculpa a todos os que, no passado e presente, desiludi ao colocar o Steve à sua volta sem lhes dar uma voz na decisão".
"O Predador" estreia em Portugal a 13 de setembro.
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