A longa-metragem
«Capitão Falcão», que só estreará no verão de 2014, está a poucas semanas do final da rodagem, tendo já sido feitas filmagens numa prisão desativada em Santarém ou nos antigos Armazéns Abel Pereira da Fonseca, em Lisboa. Este será o primeiro filme de João Leitão, com
Gonçalo Waddington no papel de Capitão Falcão e David Chan no de Puto Perdiz, uma espécie de «Batman e Robin, mas fascistas», disse o realizador à agência Lusa numa pausa entre filmagens.
«Capitão Falcão» «é um filme de aventura e ação passado nos anos 1960 em Portugal, em que o super-herói tem como missão, a mando de Oliveira Salazar, defender os valores do Estado Novo e combater os vilões - os que lutam pela liberdade e pela democracia -, como os comunistas e os capitães de abril».
«É um acérrimo defensor do Estado Novo e altamente fiel, pode ser um cão de fila do Salazar e não olha a meios para atingir os fins», descreveu Gonçalo Waddington.
Segundo João Leitão, o filme ridiculariza tudo o que de mau aconteceu no Estado Novo, invertendo, com uma grande dose de sarcasmo, os papéis da luta entre o Bem e o Mal: «A piada do filme... o nosso protagonista é [na verdade] o vilão e o nosso antagonista é o herói».
«Alguém vai ficar ofendido, tenho a certeza absoluta», afirmou o realizador, esclarecendo, no entanto, que a única figura histórica que surge no filme é António de Oliveira Salazar, papel interpretado por José Pinto, apesar de haver referências à PIDE, aos comunistas, às feministas e aos protagonistas da revolução de abril.
O elenco inclui ainda
Rui Mendes, Luís Vicente,
Miguel Guilherme,
Carla Maciel,
Bruno Nogueira,
Nuno Lopes,
Ricardo Carriço e um grupo de duplos que interpretarão grande parte das cenas coregrafadas de pancadaria ao jeito oriental, quedas e explosões, supervisionadas pelo ator David Chan.
Este é um filme que se inspira na banda desenhada, nos super-heróis norte-americanos, na estética e na linguagem dos filmes de lutas dos anos 1960 e 1970, em séries televisivas e personagens que marcaram o imaginário de João Leitão, com poucos recursos a tecnologia para efeitos especiais: «A atitude é do cinema dos anos 1960 e 1970, muito «old school». Não há pós-digital», disseram o realizador e David Chan.
«Capitão Falcão», com argumento de João Leitão e Núria Leon Bernardo, foi pensado para ser uma série de televisão, mas ao final de três anos e sem qualquer resposta por parte da direção da RTP - disse Gonçalo Waddington -, a produtora Indivídeos decidiu avançar com o projeto de uma longa-metragem, com distribuição assegurada pela Zon Lusomundo.
A longa-metragem só estreará no próximo ano, mas João Leitão e Gonçalo Waddington não descartam a hipótese de avançar para uma sequela, dependendo da adesão dos espetadores portugueses.
Por ora, estão ocupados com as filmagens, como as que decorrem no espaço Santiago Alquimista, onde foi recriado um bar frequentado por criminosos e onde Capitão Falcão derrota o comunista Lenine (o ator Luís Vicente) dizendo, fanfarrão: «Não te preocupes Puto Perdiz, está simplesmente atordoado. Ninguém aguenta tanto comunismo».
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