José Pinto morreu esta quinta-feira, 15 de fevereiro, indica a página do Facebook do ator.
"Aproveitamos este momento não apenas para lamentar esta triste notícia, como para celebrar a vida e a obra de um homem que sempre procurou dar o melhor de si aos outros, seja através do pequeno ou grande ecrã, teatro ou cara a cara", pode ler-se na mensagem na rede social.
O funeral realiza-se este sábado, 17 de fevereiro, às 10h00, em Vila Nova de Gaia. Antes, o corpo do ator vai estar em câmara ardente a partir das 14h00 desta sexta-feira, na Igreja do Candal, em Vila Nova de Gaia.
Nascido em Vila Nova de Gaia em 1929, José Pinto teve uma longa carreira no cinema, televisão e teatro.
No grande ecrã, participou em filmes como "Vale Abrãao", "A Sombra dos Abutres", "Inquietude", "Tráfico", "Jaime", "O Delfim", "Coisa Ruim" ou "Capitão Falcão", no qual interpretou Salazar, um dos seus papéis mais emblemáticos. No pequeno, integrou o elenco de séries e telenovelas da RTP, SIC e TVI, caso de "Os Andrades", "Major Alvega", "A Lenda da Garça", "Amanhecer", "Dei-te Quase Tudo", "Perfeito Coração", "Capitão Falcão" ou "Os Boys".
Mas a carreira arrancou nos palcos. José Pinto começou o percurso artístico nos grupos de amadores, tendo trabalhado no Grupo do Sporting Candalense entre 1959 e 1967. No ano seguinte junta-se ao TEP, de acordo com a ficha disponível na base de dados do Centro de Estudos de Teatro (CET).
O primeiro espetáculo do TEP em que participa, segundo a mesma lista, é “Gorgónio”, de Tulio Pinelli, logo em 1962, enquanto amador, constando do elenco de várias peças durante a década de 1960, como “O Auto da Alma”, de Gil Vicente, e “O Tio Simplício”, de Almeida Garrett.
A sua ligação ao TEP, entretanto reforçada, estende-se por dezenas de peças nas décadas seguintes: de “Bodas de Sangue”, de Lorca, em 1970, e “A Casa de Bernarda Alba”, do mesmo autor espanhol, dois anos depois, a “Vítimas do Dever”, de Ionesco, ainda antes do 25 de Abril, e “Woyzeck”, de Büchner, em março de 1974.
De acordo com a lista do CET, a última produção do TEP em que participa é “É uma só a liberdade”, de Norberto Barroca e Manuel Dias, em 1999, no bicentenário de Almeida Garrett, tendo já este século feito parte de produções do Teatro Nacional São João e do Teatro do Bolhão, a última das quais em 2016.
O Memoriale do Cinema Português, de Jorge Leitão Ramos, lembra que a vontade de ser ator “só muito tarde” se exprimiu na vida de José Pinto.
“Aconteceu em 1962 quando, amador, integrou o elenco de ‘Gorgónio’, de Tulio Pinelli, dirigido por Paulo Renato, no TEP. Mas foi uma experiência sem devir imediato. Era-lhe impensável abandonar a atividade profissional como electrotécnico para abraçar a aventura do teatro. Todavia, em 1967, o TEP volta a convidá-lo – para ‘O Mistério da Fábrica de Chocolates’, de José António Ribeiro (enc. Fernanda Alves) – e José Pinto começa a pensar que talvez seja possível conciliar as duas atividades”, pode ler-se na entrada sobre o ator.
Em 1993, já com mais de 60 anos, Manoel de Oliveira convida-o para “Vale Abraão” (filme que hoje encerra as comemorações do sétimo aniversário do Cinema Trindade, no Porto), o que faz com que “aquele ator modesto e de limitada popularidade confinada ao Porto [seja] catapultado para uma audiência nacional e internacional”, como escreve Jorge Leitão Ramos.
“O primeiro resultado disso é, no ano seguinte, o convite de Luis Miguel Cintra para vir a Lisboa integrar o elenco de ‘O Conto de Inverno’, de William Shakespeare, que a Cornucópia levou à cena no Teatro da Trindade. Mas os anos 1990 serão sobretudo a afirmação de José Pinto como ator de cinema”, acrescentou o mesmo autor.
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