Morreu Joe Don Baker, ator secundário do cinema americano que se destacou pela interpretação de duros dos dois lados da lei numa série de filmes marcantes na década de 1970 e fez o mesmo na saga James Bond.

Esta quinta-feira, a sua família deu a notícia da sua morte a 7 de maio, aos 89 anos, segundo a publicação especializada The Hollywood Reporter (THR).

Com um físico imponente que impunha respeito, foi o megalomaníaco traficante de armas Brad Whitaker, o principal vilão de "007, Risco Imediato" (1987), o primeiro com Timothy Dalton como James Bond, mas conseguiu o feito de regressar à saga como aliado da personagem, o agente da CIA Jack Wade, nos primeiros dois filmes de Pierce Brosnan, "007 - GoldenEye" (1995) e "007 - O Amanhã Nunca Morre" (1997).

Natural do Texas, onder nasceu em fevereiro de 1936, após servir dois anos no Exército foi aceite na prestigiada Actors Studio no início da década de 1960 e entrou em produções da escola de representação na Broadway. Já em Los Angeles, entrou em séries da época como "Bonanza" e" Gunsmoke" antes de se estrear no cinema com um papel não creditado no clássico "O Presidiário" (1967), com Paul Newman.

O grande público começou a reparar nele quando foi o irmão mais novo de Steve McQueen em "Junior Bonner" (1972), de Sam Peckinpah, e a seguir como um assassino sádico da máfia que perseguia Walter Matthau em "Ferro em Brasa" (1973), de Don Siegel.

Pela mesma altura entrou em "Vagabundos Selvagens" (1971), de Blake Edwards, e "A Quadrilha" (1973), de John Flynn, com um papel importante logo a seguir aos de Robert Duvall e Karen Black.

Apesar de ter sido principalmente um ator secundário no cinema americano, a principal memória de Joe Don Baker é num papel como protagonista, Buford Pusser em "O Temerário" (1973), um filme independente de baixo orçamento inspirado na história verídica do xerife que praticamente sozinho limpou a sua cidade do crime, mas com pesados custos pessoais.

"O Temerário"

Dois anos depois de Clint Eastwood apresentar Dirty Harry em "A Fúria da Razão" e um ano antes de "O Justiceiro da Noite" com Charles Bronson, o "Walking Tall" original (não confundir com a versão de 2004 com Dwayne Johnson) apanhou em cheio a fase em que o "vigilantismo" no cinema era tão popular, numa reação dos espectadores ao aumento da criminalidade nos EUA naquela época.

O filme tornou-se um fenómeno de bilheteira e cultural: como recorda a THR, arrecadou 40 milhões de dólares (uns astronómicos 622 milhões em 2025) a partir de um orçamento de cerca de 500 mil dólares (3,6 milhões na atualidade).

Em 1985, Joe Don Baker foi o agente da CIA Darius Jedburgh na aclamada minissérie da BBC "Edge of Darkness", que lhe valeu uma nomeação para os prémios BAFTA, que perdeu para o colega Ben Peck. O realizador era Martin Campbell, que o voltou a chamar dez anos depois para "007 - GoldenEye".

Outros filmes em que participou foram "Um Homem Fora de Série" (1984), "Leonard, o Grande Espião" (1987), "O Cabo do Medo" (1991), "Jovens em Delírio" (1994), "Congo" (1995), "Marte Ataca!" (1996), "Os Três Duques" (2005).

O último trabalho de Joe Don Baker foi num filme que se tornou de culto: "Fuga" (2012), de Jeff Nichols, protagonizado por Matthew McConaughey, Reese Witherspoon e Tye Sheridan.