AS CRIAÇÕES MAIS FAMOSAS
O norte-americano
Jim Henson foi o marionetista mais popular e influente de sempre. Morreu a 16 de maio de 1990, quando tinha apenas 53 anos.
Se a criação dos Marretas, reforçada por
«Os Marretas» em 2011 e a sua sequela «Marretas Procuram-se» (2014), permitiu evocar recentemente o seu imenso talento, as aventuras televisivas e cinematográficas de Cocas, Piggy e companhia estão longe de ser o seu único legado: Henson criou um imenso leque de séries e filmes, cruzando humanos com as mais variadas e delirantes marionetas, numa torrente de criatividade que ainda hoje não para de dar frutos.
Henson começou a trabalhar a sério com marionetas aos 19 anos, em 1955, com a série de episódios de cinco minutos
«Sam and Friends», com um boneco careca e de olhos esbugalhados a contracenar com diversas personagens, incluindo uma versão primitiva do sapo Cocas. No ar até 1961, a série permitiu a Henson explorar toda uma série de técnicas de concretização e manipulação de bonecos, e a própria relação destes com a televisão, com paródias a séries populares da época e a interação com cenas em desenho animado.
Ao longo da década de 60 e 70, Henson foi presença recorrente no pequeno ecrã, sempre acompanhado das suas marionetas, já chamadas muppets (uma condensação do termo «marionette» com «puppet») sendo presença recorrente no «The Ed Sullivan Show» e no «The Jimmy Dean Show».
Em 1969, a sua fama disparou com o arranque de
«Sesame Street», um programa lúdico e formativo para as crianças com um impacto excecional, que marcou gerações, expandiu-se pelo mundo todo e continua a ser produzido até hoje. Aqui apareceram algumas das suas criações mais populares, como o pássaro amarelo Big Bird, o Monstro das Bolachas e a dupla Egas e Becas. Em Portugal, a versão portuguesa chamou-se «Rua Sésamo» e foi uma grande aposta da RTP, de imenso sucesso, exibida originalmente entre 1989 e 1994.
Com a audiência adulta conquistada graças às presenças recorrentes no «Saturday Night Live» e principalmente graças ao sucesso do «The Muppet Show», Jim Henson sentiu-se confiante para tentar a sorte no cinema sem recorrer aos Marretas em 1982, com o filme fantástico
«O Cristal Encantado», que co-realizou com
Frank Oz.
A ação do filme decorre noutro planeta, com Jen, um jovem de uma raça semelhante à dos elfos, a tentar descobrir a parcela perdida de um cristal mágico que lhe permitirá restaurar o seu mundo. Com direção artística e conceptual de Brian Froud e sem qualquer ator humano à vista, o universo de magia e criaturas fantásticas do filme foi bastante mais negro que o habitual em Henson, mas ainda assim conseguiu sucesso junto do público.
Em 1983, Henson lançou-se numa nova série infanto-juvenil,
«Fraggle Rock», por cá conhecida como «O Mundo dos Fraggles», com cinco temporadas entre 1983 e 1987.
Cheia de música, a série, de grande sucesso, centrava-se numa comunidade de seres de 45 centímetros que vivem debaixo da terra, os Fraggles, que coabitam com os Doozers, criaturas de 15 centímetros dedicadas à construção de estruturas que os primeiros comem. O mundo dos Fraggles tem uma saída para um local onde vivem os Gorgs, uma família de gigantes felpudos, e outra para a oficina de um inventor chamado Doc (o único humano recorrente na série), que tinha um cão chamado Sprocket. A cada episódio, os Fraggles recebiam sempre uma carta do Tio Matt, que contava histórias delirantes sobre a sua exploração do mundo dos humanos.
Uma sequência curta da longa-metragem
«Os Marretas Conquistam Nova Iorque» deu a ideia para uma nova série produzida por Jim Henson, mas agora em desenho animado:
«Muppet Babies» (por cá «Os Marretas Bebés»).
A ação da série apresenta as aventuras de Cocas, Miss Piggy, Fozzie e dos demais marretas, ainda em bebés, num enorme quarto de brincadeiras. E o que podia ser uma série banal transformou-se, uma vez mais, num enorme êxito de publico e crítica, pela força da componente musical e a criatividade dos argumentos, que colocavam as personagens a viver as mais delirantes aventuras nos mais diversos cenários, usando apenas a imaginação e sem sair do quarto. Durou nada menos que oito temporadas, entre 1984 e 1991.
Em 1986, Jim Henson regressa à longa-metragem para cinema com
«Labirinto», desta vez com atores humanos a contracenaram com marionetas, ao contrário do que tinha feito em «O Cristal Negro».
Uma vez mais com direção artística de Brian Froud e agora com
George Lucas como produtor, o filme é um fantasia extraordinária com
Jennifer Connelly como Sarah, uma adolescente desgostosa com o mundo real, que tem de entrar num universo imaginário para salvar o seu irmão bebé, preso no centro de um labirinto pelo rei dos gnomos, nada menos que
David Bowie. Com argumento do Monty Python
Terry Jones, o filme não foi então um grande êxito mas gerou a seguir um enorme fenómeno de culto.
Em 1988, Henson aventurou-se numa série de elaboradíssimos contos folclóricos europeus intitulada
«The Storyteller», desenvolvida por
Anthony Minghella, mais tarde realizador de
«O Paciente Inglês».
A primeira temporada foi apresentada por
John Hurt no papel do Contador de Histórias, o velhote que narra os contos à lareira tanto para o seu cão como para o espetador. Na segunda temporada, dedicada a histórias da antiguidade clássica grega, essa tarefa passa para
Michael Gambon. Embora muito elogiada, a série, bastante onerosa, não teve o sucesso esmagador das precedentes.
Em 1989, Henson congregou o que a maioria do que a sua empresa estava então a fazer no campo das marionetas e da animatrónica na série
«The Jim Henson Hour», que teve 12 episódios de uma hora. Jim era sempre o apresentador, e tanto levava o espetador aos bastidores das suas criações como apresentava outros segmentos, como o MuppeTelevision, com as personagens do «Muppet Show» a gerirem um canal de televisão, ou ainda excecionais mini-filmes completos de meia hora, como «Song of the Cloud Forest», na selva amazónica, ou «Dog City», um policial protagonizado por cães. Infelizmente, a série foi cancelada após 12 episódios.
Entre os últimos trabalhos em que participou antes da sua morte contam-se a série televisiva
«Dinossauros», de que foi um dos criadores, e
«Jim Henson's Muppet Vision 3D», uma atração a três dimensões dos marretas para os parques Disneyland.
O seu filho
Brian Henson continuou a gerir a Jim Henson Company bem como a empresa de efeitos visuais e de animatrónica Jim Henson's Creature Shop, que à data do falecimento de Henson estava a trabalhar num filme que seria o êxito surpresa de 1990:
«As Tartarugas Ninja».
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