O ator francês Jean-Paul Belmondo, reconhecido por títulos como "O Acossado" (1960), "Pedro o Louco" (1965) e "Borsalino" (1970), vai receber um Leão de Ouro pela carreira atribuído pelo Festival de Veneza.
O polaco Jerzy Skolimowski, que começou por escrever com Roman Polanski o argumento de "A Faca na Água" (1962) e mais tarde assinou filmes como "Moonlighting" (1982) e "Quatro Noites com Anna" (2008), também irá receber a mesma distinção.
A decisão foi tomada pela direção da bienal de Veneza, que organiza o festival de cinema, cuja 73.ª edição se realiza este ano entre 31 de agosto e 10 de setembro. A partir deste ano, o festival atribuirá anualmente dois Leões de Ouro, para um realizador e um ator, em reconhecimento do conjunto das suas obras.
Jean-Paul Belmondo, “ícone do cinema francês e internacional, soube interpretar como ninguém a inspiração da modernidade típica da ‘nouvelle vague’ através dos personagens alienados de ‘À double tour’ (1959), de Claude Chabrol; ‘O Acossado’ e “Pedro, o Louco’, ambos de Jean-Luc Godard”, declarou o festival em comunicado.
A organização destaca especialmente a forma como o ator, agora com 83 anos, vestiu a pele de Michel Poiccard/Lászlo Kovacs em “O Acossado”, em que compôs “a figura do anti-herói provocador e sedutor, muito diferente dos estereótipos hollywoodianos em que se inspirava o próprio Godard”.
Belmondo mostra “um rosto maravilhoso, uma simpatia irresistível, uma versatilidade extraordinária”, declarou Alberto Barbera, o diretor da bienal.
Já Jerzy Skolimowski, de 78 anos, "é um dos cineastas mais representativos do cinema moderno que nasceu com a 'Nouvelle Vague' na década de 60 e, com Roman Polanski, é um dos realizadores que mais contribuiu para o renascimento do cinema polaco deste período", salientou o diretor da Mostra, Alberto Barbera.
Alguns dos seus 17 trabalhos "estão entre os filmes mais representativos do cinema moderno, livre e inovador, radicalmente anticonformista e ousado", acrescentou.
A trilogia realizada na Polónia na sua juventude, “Ryopsis” (1964), “Walkover” (1965) e “Muro” (1966) “foi para todos os países de leste o que os primeiros filmes de Godard foram para o cinema ocidental”, considerou Barbera.
As películas mais recentes do realizador polaco - "Quatro Noites com Ana" (2008), "Matar Para Viver" (2010, Prémio Especial do Júri em Veneza) e "11 Minutos" – “manifestam uma capacidade inesgotável e surpreendente de renovação, que o colocam por direito próprio entre os autores mais combativos e originais do cinema contemporâneo”, de acordo com o festival.
O realizador de “Quatro Noites com Anna”, que marcou o seu regresso ao cinema após 17 anos em que se dedicou à pintura, venceu em 2015 em Portugal o prémio de Melhor Filme do Lisbon & Estoril Film Festival com "11 minutos", filme que nesse ano foi também nomeado para o Leão de Ouro no Festival de Veneza e que o comité da Polónia escolheu para candidato ao Óscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2016.
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