Uma das personalidades públicas mais importantes afetadas pelas denúncias que surgiram os movimentos #TimesUp e #MeToo, James Franco falou pela primeira vez sobre as acusações de comportamentos inapropriados, os seus vícios e o fim da amizade com Seth Rogen.
Acusado de comportamentos de assédio em 2014, a carreira de James Franco foi afetada principalmente após ter aparecido na cerimónia dos Globos de Ouro em janeiro de 2018 com um pin de apoio ao movimento Time's Up, que defende as vítimas de abuso sexual.
Cinco mulheres acusaram-no a seguir de comportamento impróprio e abuso de poder durante as aulas na sua escola de representação e duas avançaram com processos na justiça. Em junho deste ano, as partes a chegarem a acordo, com quase 900 mil dólares pagos às queixosas e mais de 1,3 milhões de dólares colocados num fundo para outras pessoas no processo.
Ao fim de quase quatro anos, James Franco submeteu-se às perguntas de Jess Cagle e embora o podcast só fique disponível esta quinta-feira, o reconhecimento que teve relações sexuais com estudantes foi um dos excertos em vídeo entretanto divulgados.
"Em 2018, houve algumas queixas sobre mim e um artigo sobre mim e naquela altura achei que devia estar quieto. [...] Não parecia que fosse a altura certa para dizer o que quer que fosse. havia pessoas que estavam chateadas comigo e precisava de ouvir", explicou.
Embora diga que não queria magoar, o ator reconhece que não pensava nas dinâmicas de poder ou nos sentimentos quando estava solteiro e procurava relações com as pessoas com quem trabalhava ou frequentavam a sua escola.
"Ao longo do meu ensino, dormi com alunas e isso estava errado. Mas não foi por isso que comecei a escola e não fui a pessoa que selecionou as pessoas para estarem na turma. Portanto, não foi um 'plano de mestre' da minha parte. Mas sim, houve certos casos em que, sabem que mais, estive num relacionamento consensual com uma estudante e não deveria ter estado", admitiu num dos excertos.
"Naquela altura, acho que a minha coisa era que se é consensual, OK. Claro que sabia, falei com outras pessoas, outros professores, sim, provavelmente não é uma coisa boa. Na altura, não estava lúcido, como já disse. Portanto, acho que tudo se resume ao meu critério: 'Se isto é consensual, está bem. Somos todos adultos'".
James Franco também descreveu como "doloroso" quando Seth Rogen se distanciou e disse que não voltariam a trabalhar juntos durante uma entrevista em maio que teve grande impacto.
"Só quero dizer que adoro completamente o Seth Rogen. Adoro o Seth Rogen. Trabalhei com ele durante 20 anos e nunca nos zangámos. Durante 20 anos, nem uma discussão. Ele era o meu amigo profissional mais próximo [...]. Simplesmente encaixávamos. O que ele disse é verdade. Não estamos agora a trabalhar juntos e não temos planos de trabalhar juntos", reconheceu.
"Claro, foi doloroso no contexto, mas percebo, ele teve que responder por mim porque eu estava em silêncio. Ele teve que falar por mim e eu não quero isso. [...] Uma das principais razões para querer falar hoje consigo é que não quero que o Seth ou o meu irmão [o ator Dave Franco] ou qualquer outra pessoa tenha de voltar a falar por mim", conclui o excerto.
Nos outros destaques que foram lançados, o actor reconhece que desiludiu os seus estudantes e muitos colegas, que atribuiu ao seu ritmo intenso de trabalho, fala da relação com a namorada desde novembro de 2017 e como ela reagiu aos escândalos e processos, do alcoolismo e processo de recuperação do seu vício de sexo e o de ser 'workaholic' e o seu medo de ficar sozinho.
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