Armie Hammer deu a primeira entrevista desde que, há três anos, viu a carreira em Hollywood ser 'varrida' por causa de vários escândalos sexuais.

Revelado pelo filme "A Rede Social" (2010) e, após altos e baixos, valorizado por "Chama-me Pelo Teu Nome" (2017), o ator perdeu tudo no espaço de poucas semanas em 2021 após uma conta anónima nas redes sociais revelar mensagens privadas com detalhes gráficos sobre fantasias sexuais canibalistas com antigas namoradas.

Na altura, Hammer disse em comunicado que não ia "reagir a essas alegações de treta, mas à luz dos ataques online perversos e espúrios [falsos]" desistia de fazer uma comédia romântica com Jennifer Lopez para não se afastar da família.

Mas seguiram-se vários relatos de alegados abusos sexuais, emocionais e mentais, e uma queixa por violação à polícia de Los Angeles: Hammer acabou despedido pela agência que o representava e perdeu os restantes projetos em que estava envolvido.

Em setembro de 2022 e mesmo sem acusações formais, o escândalo foi reforçado por “House of Hammer”, uma minissérie em três episódios que investigava as acusações de abusos sexuais, deu a palavra às alegadas vítimas e revelou um historial negro da família, baseado no livro de uma tia.

Hammer, que sempre desmentiu todos os relatos e manteve que as relações foram consensuais e esteve várias vezes em clínicas de reabilitação, só voltou a reagir em junho de 2023, novamente por escrito, quando agradeceu ao Ministério Público "por conduzir uma investigação minuciosa" à queixa de violação e decidir não avançar uma acusação por falta de provas sólidas, referindo a "complexidade do relacionamento" com a alegada vítima.

Na altura, disse esperar "começar o que será um processo longo e difícil de recompor a minha vida agora que o meu nome está limpo”, mas além de que se divorciou, pouco se sabe sobre o que aconteceu nos últimos três anos: houve relatos de que estava a trabalhar como vendedor de férias ("timesharing") num hotel nas Ilhas Caimão e que Robert Downey Jr. terá pago um tratamento de quase seis meses num centro de reabilitação na Flórida e apoiou-o financeiramente até que conseguisse reorganizar a sua vida.

Agora, no podcast “Painful Lessons” [“Lições dolorosas”], lançado no domingo, Hammer deu a cara para falar sobre os problemas com promiscuidade, alcoolismo e drogas, os pensamentos suicidas, as alegações e como está “grato” por tudo que passou nos últimos três anos.

"As pessoas chamavam-me canibal e todos acreditaram. Ficaram tipo, ‘Sim, aquele tipo comeu pessoas'”, recordou a rir, citado pela Variety.

E acrescentou: "Canibal como? Do que é que estão a falar? Sabem o que é preciso fazer para ser um canibal? Tem de se comer pessoas! Como vou ser um canibal?! Foi bizarro”.

Com humor negro, notou: “Mesmo nas discrepâncias, no que quer que as pessoas tenham dito, no que quer que tenha acontecido, estou agora numa fase da minha vida em que fico grato por cada pedaço daquilo”.

Descrevendo tempos em que 'estava bêbado, drogado e a portar-me sempre como um idiota', o ator revelou que nunca teve amor próprio ou “autovalidação” antes das acusações porque “tinha um emprego onde conseguia isso de tantas pessoas”.

“Na verdade, estou agora num lugar onde fico muito grato por isto, porque não me senti bem onde estava na minha vida antes de todas estas coisas acontecerem comigo. Nunca me senti satisfeito, nunca tive o suficiente. Nunca estive num lugar onde estivesse feliz comigo mesmo – onde tivesse auto-estima”, recorda.

Perto do final do podcast, Hammer diz que a sua carreira como ator não está em lado algum porque não é "uma mercadoria viável” para o “sistema de Hollywood” e está a trabalhar por conta própria, tendo escrito um argumento com um amigo.

Antes, recordou como as acusações causaram “uma morte de ego, uma morte de carreira” e o levaram finalmente a tratar-se.

“Foi quase como se uma bomba atómica tivesse explodido na minha vida. Matou-me, matou o meu ego, matou todas as pessoas à minha volta que pensava serem minhas amigas e não eram - todas essas pessoas, num piscar de olhos, desapareceram. Mas os edifícios ainda estavam de pé. Ainda estou aqui, ainda estou com saúde e estou muito grato por isso”, diz.

VEJA TODO O PODCAST.