A American Civil Liberties Union (ACLU) pediu ao governo que trabalhe para resolver «a exclusão generalizada de mulheres realizadoras» na indústria do cinema e da televisão nos EUA.
Numa carta dirigida às autoridades federais e de direitos civis da Califórnia, a organização argumenta que as realizadoras enfrentam «um padrão sistemático de discriminação e exclusão» que não pode mais ser tolerado.
«Hollywood não tem autonomia quando se trata de direitos civis», disse à AFP Melissa Goodman, advogada da ACLU em Los Angeles envolvida na campanha.
A ACLU, líder na luta pelos direitos e liberdades civis nos EUA, acredita que a monitorização e a pressão do governo são necessárias para resolver o problema.
A carta de 15 páginas foi publicada na véspera do Festival de Cannes, na França.
O pedido de ação faz parte de meses de entrevistas e recolha de elementos com 50 realizadoras que, segundo Goodman, preferem permanecer anónimas por enquanto.
«De acordo com estimativas, hoje menos mulheres estão a trabalhar como realizadoras de cinema e televisão do que há duas décadas», afirmou a ACLU num comunicado.
Segundo a organização, em 2014 as realizadoras foram responsáveis por apenas 7% dos 250 principais filmes do ano, dois pontos a menos em relação a 1998.
Enquanto isso, na televisão, 70 séries de televisão, cerca de um terço do total, não empregaram sequer uma mulher para dirigir os seus episódios.
«O fracasso em recrutar realizadoras de cinema e de televisão não pode ser atribuído à falta de mulheres qualificadas interessadas», argumentou a ACLU.
As mulheres são «bem representadas» nas melhores escolas de cinema e o número de mulheres estudando para ser realizadoras é «quase igual» ao de homens.
No entanto, as realizadoras consideram «uma prática intencional e discriminatória» das empresas de cinema, redes de TV e produtores ao considerar contratá-las, disse a ACLU.
Apenas quatro mulheres foram nomeadas até hoje para o Óscar de Melhor Realização e apenas uma venceu - Kathryn Bigelow em 2010, pelo filme «Estado de Guerra».
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