A Califórnia divulgará na próxima semana um plano para reabrir para a sua indústria de entretenimento, no qual o principal desafio está em Los Angeles, epicentro da maioria das produções, mas também da COVID-19 no estado.

Os estúdios de cinema e televisão neste estado americano fecharam em meados de março, quando as ordens de confinamento por causa da pandemia entraram em vigor.

Esta quarta-feira (20), o governador Gavin Newsom disse que a maioria dos 58 condados da Califórnia "terá a capacidade" de começar a retomar as filmagens seguindo os critérios que serão apresentados na segunda-feira.

Segundo o Deadline Hollywood, estúdios, plataformas de streaming, agências e outras organizações fizeram uma frente de silêncio, mas a reação oficiosa praticamente universal foi de espanto e "incómodo": apesar de semanas de trabalho para a elaboração de diretrizes do setor, ninguém sabia da intenção do governador em avançar com o anúncio e muito menos que a produção poderia ser retomada mais cedo do que se esperava.

"Estamos a mais de um mês de reabrir, pelo menos", disse um produtor veterano.

"Não quero saber o que diz o Newsom. Estou a pensar em julho, na melhor das hipóteses, para ter a certeza que tudo estará seguro para os meus profissionais", acrescentou.

"Não estamos ainda prontos, nem pensar. Existem aqui demasiados casos, demasiadas mortes e demasiadas incógnitas. Eles não conseguem sequer que as lojas de esquina cumpram as regras de reabertura, portanto os 'set's e estúdios estão longe de estarem seguros. Será necessária muita mudança", disse um alto executivo de uma agência que se está a dedicar ao desenvolvimento de novas políticas de segurança para o setor.

O condado de Los Angeles - casa dos estúdios de Hollywood, com o maior número de produções e cerca de 900 mil empregos no setor antes do fecho forçado - representa "o desafio".

"Ainda hoje, das mortes relatadas, um número desproporcional veio desse condado... estamos um pouco preocupados, estão algumas semanas atrás de todos os outros", disse o governador.

A sua chefe de gabinete, Ann O'Leary, descreveu Los Angeles como "o maior obstáculo que temos em relação à indústria".

"Não quero amenizar isso... temos cada vez mais casos na área de Los Angeles e é por isso que vai haver alguns atrasos", disse o governador da Califórnia numa videoconferência com vários líderes da indústria do entretenimento.

créditos: Deadline Hollywood

O condado de Los Angeles confirmou 40 mil casos positivos da COVID-19 com quase duas mil mortes, mais da metade dos registados em toda a Califórnia.

As autoridades locais divulgaram esta semana que restaurantes e centos comerciais não abrirão as suas portas até pelo menos 4 de julho, mesmo quando outras partes do estado começarem a relaxar as restrições.

O chefe de conteúdo da Netflix, Ted Sarandos, que participou na videoconferência, concordou que "tomar atalhos de segurança" teria "terríveis efeitos a longo prazo" sobre o setor.

A gigante do streaming já retomou as produções em países como Islândia, Suécia e Coreia do Sul.

Sarandos disse que as produções com equipas mais pequenas, como documentários, poderiam reabrir mais cedo, enquanto os filmes envolvendo multidões exigirão "muita segurança, muita logística".

A realizadora e produtora Ava DuVernay ("Selma") disse que as equipas no set podem ser divididas em grupos menores que operam em momentos diferentes para reduzir os riscos de contágio.

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