
A ministra da Cultura da França prometeu na quarta-feira defender o sistema do país de promoção da produção cinematográfica nacional perante as ameaças do presidente dos EUA Donald Trump.
A França tem uma combinação complexa de impostos, quotas e taxas sobre os distribuidores de filmes e televisão que ajuda a canalizar dinheiro para o sector cinematográfico nacional, tornando-a na potência cinematográfica da Europa.
“Precisamos defendê-lo custe o que custar”, disse Rachida Dati aos jornalistas ao dar as boas-vindas aos cineastas no seu ministério em Paris.
Alguns realizadores norte-americanos, estúdios de cinema, bem como os gigantes do streaming Netflix e Amazon, pressionaram a administração Trump para enfrentar a legislação da UE destinada a proteger e promover a produção cinematográfica europeia.
Num memorando de 21 de fevereiro publicado pela Casa Branca, Trump abordou o que chamou de “extorsão no exterior”, com uma menção especial às leis que “exigem que os serviços de streaming americanos financiem produções locais”.
No domingo, Trump disse que queria tarifas de 100% sobre filmes “produzidos em territórios estrangeiros", perturbando a indústria do entretenimento, que depende de fronteiras abertas.
“Do outro lado do Atlântico, intervenientes poderosos nesta indústria são hostis à exceção cultural francesa”, disse Dati, referindo-se às leis francesas para proteger as suas indústrias criativas.
“Poderíamos preocupar-nos com o alinhamento desta agenda com a da nova administração americana, mas não estou preocupada.”
Numa entrevista à rádio France Inter na manhã de quarta-feira, a ministra disse que as tarifas cinematográficas de Trump, se implementadas, levariam a "penalizar a indústria norte-americana, não a nossa".
A França produziu 231 filmes no ano passado e registou um aumento na venda de bilhetes de cinema (181,3 milhões) em comparação com 2023, enquanto todos os principais países europeus e os EUA registaram um declínio, mostraram os números da indústria.
"Há sempre algum ciúme e espero que este sistema [de promoção do cinema francês] perdure", disse à France-Presse a diretora do Festival de Cinema de Cannes, Iris Knobloch, na reunião no Ministério da Cultura.
“A boa saúde do setor cinematográfico francês mostra que este sistema está a funcionar bem”, acrescentou antes do festival que abre na próxima terça-feira.
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