A caminho dos
Óscares 2024
A atriz Angela Bassett, o comediante Mel Brooks e a editora Carol Littleton serão homenageados com Óscares honorários na 14.ª cerimónia dos Governors Awards, a 18 de novembro, em Los Angeles.
Já Michelle Satter, fundadora do Instituto Sundance (ligado ao festival de cinema) e diretora do Programa para Artistas, irá receber o prémio humanitário Jean Hersholt.
As homenagens foram reveladas esta segunda-feira pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas.
"O Conselho de Governadores da Academia está entusiasmado por homenagear quatro pioneiros que transformaram a indústria cinematográfica e inspiraram gerações de cineastas e fãs de cinema. Ao longo de sua carreira de décadas, Angela Bassett continuou a apresentar interpretações transcendentes que estabelecem novos padrões na representação. Mel Brooks ilumina os nossos corações com o seu humor e o seu legado teve um impacto duradouro em todas as facetas do entretenimento. A carreira de montagem de filmes de Carol Littleton serve de modelo para quem vem depois dela. Um pilar da comunidade do cinema independente, Michelle Satter desempenhou um papel vital nas carreiras de inúmeros cineastas em todo o mundo", destacou a presidente da Academia, Janet Yang, no comunicado oficial.
Os Óscares honorários são entregues anualmente para homenagear a obra de toda uma vida, e tornaram-se uma cerimónia independente em 2009 para desafogar o evento principal da Academia, que no próximo ano vai decorrer a 10 de março.
Com 64 anos, Angela Bassett esteve na corrida aos Óscares competitivos este ano na categoria de Atriz Secundária por “Black Panther: Wakanda Para Sempre” (2022), fazendo história com a primeira nomeação de interpretação num filme da Marvel e a primeira para uma mulher num filme de super-heróis. Tinha um ligeiro favoritismo à entrada para a cerimónia de março, mas perdeu para Jamie Lee Curtis em "Tudo em Todo o Lado ao Mesmo Tempo".
Mas com uma carreira com mais de 40 anos em cinema e TV, foi a primeira nomeação para as estatuetas que a tornou uma estrela, na categoria de Melhor Atriz, ao interpretar a cantora Tina Turner em "What’s Love Got to Do With It?" (1993).
Na carreira destacam-se ainda títulos como "A Malta do Bairro" (1991), "Malcolm X" (1992), "Estranhos Prazeres" (1995), "4 Mulheres Apaixonadas" (1995), "Contacto" (1997), "How Stella Got Her Groove Back" (1998), "Melodia do Coração" (1999), "Assalto à Casa Branca" (2013), "Black Panther" (2017), "Missão: Impossível - Fallout" (2018), "Soul: Uma Aventura com Alma" (2020) e "Gunpowder Milkshake: Mistura Explosiva" (2021).
A dois dias de completar 97 anos, Mel Brooks é homenageado como realizador, ator, argumentista, produtor e compositor, mas acima de tudo, comediante.
Já tem uma estatueta dourada em casa, pelo Argumento Original na sua estreia em "O Falhado Amoroso" (1967), um raro reconhecimento da história da Academia, já que se tratava, claro, de uma comédia (o filme foi depois adaptado para um musical na Broadway de grande sucesso, que lhe valeu três prémios Tony, e depois também foi um filme em 2005, com menos impacto). Aliás, em oito décadas de carreira, é um dos apenas 18 artistas que receberam o Óscar, Emmy (TV), Tony e Grammy (Música), conhecidos na indústria como EGOT.
Além de ter sido um dos criadores da lendária série "Olho Vivo", são incontornáveis no grande ecrã títulos como "Balbúrdia no Oeste" e "Frankenstein Júnior" (ambos de 1974), sendo nomeado pelo primeiro na categoria de Melhor Canção e pelo segundo para Argumento Adaptado; "A Última Loucura de Mel Brooks" (1976), "Alta Ansiedade" (1977) e "Uma Louca História do Mundo" (1981).
Menos conhecida é a sua faceta como produtor, ligada direta ou indiretamente a títulos como "O Homem Elefante" (1980), "O Meu Ano Favorito" (1982), "Frances" (1982), "Ser ou Não Ser" (1984), "A Mosca" (1986) ou "A Rua do Adeus" (1987), vários deles com a presença de Anne Bancroft, com quem esteve casado entre 1964 e 2005, o ano em que morreu a vencedora do Óscar de Melhor Atriz.
Já Carol Littleton, com 80 anos, destacou-se na montagem de filmes, uma área em que poucas mulheres se destacam quando começou a carreira na década de 1970.
A sua única nomeação foi pelo clássico "E.T. - O Extra-Terrestre" (1982), de Steven Spielberg, mas na carreira destaca-se uma longa colaboração com o cineasta Lawrence Kasdan, em que editou nove dos seus 11 filmes, incluindo "Noites Escaldantes" (1981), "Os Amigos de Alex" (1983), "Silverado" (1985), "O Turista Acidental" (1988) e "Wyatt Earp" (1994).
Outros títulos importantes foram "Um Lugar no Coração" (1984), "Loucos de Paixão" (1990), "Benny & Joon" (1993), "O Candidato da Verdade" (2004), "Margot e o Casamento" (2007) e "O Diário a Rum" (2011).
Embora também seja uma estatueta dos Óscares, o Jean Hersholt Humanitarian Award não é "tecnicamente" um "Óscar honorário" já que é atribuído a figuras do cinema que realizam trabalho humanitário.
Enquanto uma das fundadoras do Instituto Sundance, a organização responsável pelo festival anual de referência do cinema independente dos EUA, o prémio a Michelle Satter distingue uma personalidade que, como recorda a Academia, através dos vários programas criados desde 1981 "desempenhou um papel vital nas carreiras de inúmeros cineastas em todo o mundo", especialmente aqueles procedentes de comunidades com menor representação na indústria.
Com um trabalho a estender-se às iniciativas a nível internacional do Instituto Sundance na Europa, Ásia, América Latina e Médio Oriente, é vista por muitos na comunidade como "a fada madrinha do cinema independente": o seu trabalho longe dos holofotes, nomeadamente no Programa para Artistas, foi considerado essencial na orientação e apoio ao lançamento das carreiras de, entre muitos outros, Quentin Tarantino, Paul Thomas Anderson, Damien Chazelle, Taika Waititi, Miranda July, Kimberly Peirce , Lulu Wang , Boots Riley, Ryan Coogler, Dee Rees, Marielle Heller, Cary Fukunaga e John Cameron Mitchell.
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