A caminho dos
Óscares 2024
Mel Brooks, de 97 anos, recebeu o Óscar honorário pelo conjunto de sua obra em Hollywood na terça-feira à noite, mais de meio século depois de ganhar a sua única estatueta competitiva com o argumento original de "O Falhado Amoroso".
Numa gala formal sem transmissão televisiva, Brooks - que de forma memorável apresentou Adolf Hitler na sátira seminal de 1967, além de expor o preconceito racial em filmes como "Balbúrdia no Oeste" - brincou ao dizer que se sentia mal pelo destino do seu primeiro Óscar.
"Sinto muita falta dele. Nunca deveria ter vendido", disse ele, provocando gargalhadas no salão de baile.
"Não vou vender este, juro por Deus!", acrescentou.
O lendário comediante e cineasta norte-americano já é um dos poucos artistas a ganhar um Óscar, um Emmy, um Tony e um Grammy – chamados coletivamente de “EGOT” – ao longo de uma carreira de oito décadas.
A sua mais recente homenagem veio no Governors Awards, organizado pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, que homenageia todos os anos quatro amados veteranos da indústria, muitos dos quais não receberam o que mereciam nos Óscares competitivos.
Angela Bassett, que foi nomeada por interpretar Tina Turner em “What’s Love Got to Do With It” (1993) e Rainha Ramonda na sequela de super-heróis “Black Panther: Wakanda Para Sempre” (2022), sem vencer, também foi homenageada.
Observando que ela era apenas a segunda atriz negra a ganhar um Óscar honorário, depois de Cicely Tyson, Bassett prestou homenagem a outras mulheres negras pioneiras de Hollywood, como Hattie McDaniel, que ganhou a estatueta como secundário por "E Tudo o Vento Levou" (1939).
Passar-se-ia mais meio século até que McDaniel fosse seguida por Whoopi Goldberg com "Ghost".
“As minhas preces é que deixemos esta indústria mais enriquecida, com visão de futuro e inclusiva do que a encontrámos”, disse durante o seu discurso.
"Um futuro onde não haverá um 'primeiro', ou um 'único', ou suspense sobre se a 'história será feita' com uma nomeação ou uma vitória", acrescentou.
Campanha para os potenciais nomeados de 2024
Além de homenagear grandes carreiras, os Governors Awards representam uma oportunidade essencial para os potenciais candidatos aos Óscares competitivos deste ano conversarem e interagirem com os votantes da Academia em nome dos seus filmes mais recentes.
Não faltaram nomes como Christopher Nolan, Cillian Murphy, Robert Downey Jr e Florence Pugh a representar “Oppenheimer”, e Greta Gerwig e Margot Robbie por “Barbie”.
Emma Stone – a recém vencedora nos Globo de Ouro por “Pobres Criaturas” – também compareceu, assim como Paul Giamatti de “Os Excluídos”, Leonardo DiCaprio, Martin Scorsese e Lily Gladstone em nome de “Assassinos da Lua das Flores”, ou Bradley Cooper e Carey Mulligan por "Maestro", entre tantos outros.
"É a temporada dos prémios. Há muita emoção e expectativa no ar. Alguns de vocês provavelmente já sabem que a votação termina dentro de sete dias", brincou o comediante John Mulaney, o primeiro anfitrião (não anunciado antecipado) nos 14 anos do evento.
A PASSADEIRA VERMELHA.
O Governors Awards foi adiado no início de setembro de 18 de novembro por causa do impacto da greve dos atores de Hollywood, que impediu as estrelas de trabalhar ou promover os seus filmes durante meses, antes de ser fechado um acordo com os estúdios no final de outubro.
Os outros homenageados da noite foram Carol Littleton, editora de "E.T", e Michelle Satter, a diretora sénior fundadora dos Programas Artísticos do Sundance Institute, que ajudaram a promover o início das carreiras de cineastas desde Quentin Tarantino até à dupla de "Tudo em Todo o Lado ao Mesmo Tempo", Daniel Kwan e Daniel Scheinert.
A tornar estas duas homenagens ainda mais emocionais estiveram dois acontecimentos conhecidos pela seleta audiência e referidos nas apresentações e nos discursos: o diretor de fotografia e antigo presidente da Academia John Bailey, marido de Carol Littleton, faleceu a 10 de novembro, enquanto Michael Latt, o filho mais novo de Michelle Satter, de 33 anos, foi assassinado durante uma invasão a sua casa a 27 de novembro, por ser amigo de uma mulher perseguida pela assassina.
A 96.ª cerimónia dos Óscares terá lugar a 10 de março, com as nomeações a serem conhecidas já a 23 de janeiro.
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