Um investidor ativista envolvido numa disputa intensa para conquistar dois lugares na próxima eleição para o conselho de administração da Disney criticou o que descreveu como a estratégia 'woke' da empresa.
Nelson Peltz, de 81 anos, diz que os filmes da Disney passaram a estar demasiado focados em apresentar uma 'mensagem' e menos na qualidade das suas histórias.
"As pessoas vão ver um filme ou um programa para serem entretidas. Não vão para receberem uma mensagem", disse durante uma entrevista ao jornal Financial Times [acesso pago], via Variety.
Em termos que estão a causar controvérsia, destacou especificamente as produções "The Marvels" e "Black Panther", que apresentam respetivamente protagonistas mulheres e negros.
“Por que eu tenho que ter um [filme] da Marvel só com mulheres?”, perguntou retoricamente.
“Não que tenha algo contra as mulheres, mas por que razão tenho que fazer isso? Por que não posso ter Marvels que sejam ambos? Por que preciso de um elenco totalmente negro?", disse.
O investidor também criticou especificamente Kevin Feige, presidente da Marvel dizendo que o estúdio 'fez demasiadas' sequelas, o que "diluiu" a qualidade.
Reagindo às declarações, um porta-voz da Disney disse que demonstram que Peltz deve ser mantido à distância de uma empresa voltada para a criatividade.
Foi Bob Iger, o atual presidente executivo da Disney, que escreveu na sua autobiografia "The Ride of a Lifetime" ter pressionado para aumentar a diversidade nos filmes da Marvel.
Numa nova declaração na segunda-feira após a controvérsia provocada pelas suas declarações, Peltz diz que apoia Bob Iger como candidato tanto para o conselho como para presidente executivo, garantindo que o objetivo é renovar os membros do conselho de administração da empresa.
Aquele que é um dos sócios fundadores do fundo Trian tem conduzido uma campanha agressiva em relação aos doze candidatos da própria Disney e ainda três de outro fundo, a Blackwells Capital, para a eleição a 3 de abril.
Indicando-se a si mesmo e a Jay Rasulo, antigo diretor financeiro da Disney, defende serem as pessoas mais bem colocadas para cumprir os objetivos de cortar custos, renovar as operações de streaming e traçar um plano para escolher o sucessor de Bob Iger, chamado em novembro de 2022 da reforma para substituir Bob Chapek, que ele tinha escolhido para lhe suceder.
Reunindo o apoio de outros investidores acionistas, incluindo George Lucas, Laurene Powell Jobs (viúva de Steve Jobs), netos de Walt Disney e do seu irmão Roy O. Disney, e o antigo presidente executivo Michael Eisner, a atual direção da Disney tem vindo a descrever a disputa do fundo Trian como 'perturbadora e destrutiva', notando ainda que “a missão de Peltz também parece mais uma questão de vaidade do que uma crença na Disney”.
Existe outro elemento a aumentar a intriga: o fundo Trian controla cerca de 3,5 mil milhões de dólares em ações da Disney, 79% das quais pertencem a Ike Perlmutter, ex-presidente da Marvel Entertainment.
Isto tem levado a Disney a destacar que a campanha é alimentada por uma “agenda pessoal de longa data” contra Iger, que afastou Perlmutter da liderança da Marvel Studios em 2015 após uma disputa sobre orçamentos entre ele e Kevin Feige, e o despediu formalmente em março de 2023.
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