No mesmo dia e logo a seguir à reação entusiástica de sete minutos de ovação em pé reservada a "Maestro", o novo trabalho do ator e realizador norte-americano Bradley Cooper, o Festival de Cinema de Veneza viu a exibição desastrosa do último filme de Roman Polanski.
O cineasta franco-polaco, de 90 anos, regressou com "The Palace", um 'vaudevile' filmado com antigas glórias da Sétima Arte num hotel suíço, país onde reside, mas não esteve presente no Lido, já que continua ameaçado de extradição judicial para os EUA pela violação de uma menor em 1977.
Filmado na estação alpina de Gstaad, com Oliver Masucci, Mickey Rourke, Fanny Ardant, John Cleese (do grupo britânico Monty Python) e o português Joaquim de Almeida, o filme, apresentado fora da competição, foi um fracasso de crítica no sábado à noite e com direito a mornos três minutos de ovação do público.
Esta farsa à moda antiga, ambientada em 1999, recebeu avaliações muito negativas, como a da revista Variety, que a qualificou de um "fracasso sem humor".
Vários críticos admitiram terem sido especialmente duros com o cineasta por razões políticas, embora tenham insistido em que facilmente este é o pior filme da sua carreira.
Polanski mora na Europa há mais de quatro décadas, depois de desobedecer a uma intimação da justiça dos EUA.
O cineasta multipremiado, vencedor do Óscar “O Pianista” e vários títulos icónicos na carreira, vive uma situação semelhante à de Woody Allen, que também estreia em Veneza um filme fora da competição, mas tampouco esteve presente no Lido para apresentá-lo.
“Foi muito difícil fazer este filme”, explicou o produtor Luca Barbareschi, durante uma conferência de imprensa.
Polanski não pôde contar com financiamento francês, nem com o das plataformas americanas, que mantêm no seu catálogo os filmes antigos do cineasta, criticou Barbareschi.
Essas longas-metragens, clássicos do cinema, “rendem-lhes milhões”, explicou. “Por que não produzem o novo filme?”, questionou o produtor.
A vítima da violação perdoou Polanski publicamente há muitos anos, mas as autoridades judiciais mantêm o pedido de extradição contra o cineasta.
Dono de uma carreira prolífica, Polanski cultivou com sucesso a comédia no passado, com filmes como “Por Favor Não me Morda o Pescoço” (1967).
"The Palace" apresenta-se como um filme de enredos múltiplos na véspera de Ano Novo de 2000, com pistoleiros russos, multimilionários excêntricos e mulheres obcecadas por cirurgias plásticas, que chegam a um hotel nas montanhas com uma variedade de caprichos e obsessões.
O filme foi comprado pela NOS para exibição comercial em Portugal.
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