A realizadora francesa Catherine Corsini rejeitou as alegações sobre assédio no set e a presença de uma criança numa cena de sexo, após críticas sobre a inclusão do seu "Le Retour" ["O Regresso, em tradução literal] no Festival de Cinema de Cannes.
Em comunicado, Corsini e sua produtora Elisabeth Perez abordaram as críticas de que uma atriz de 15 anos foi usada numa cena de sexo do filme, "O Retorno", que vai concorrer no mês de maio à Palma de Ouro.
"Parem com as fantasias! Os adolescentes estavam vestidos e apenas os seus rostos foram filmados na cena. Não houve toque ou contacto inapropriado entre eles", disseram as responsáveis do filme.
A própria atriz, Esther Gohourou, foi incluída na declaração, dizendo que lhe ofereceram repetidamente uma dupla ou uma treinadora de intimidade e recusou.
“Conversámos muito antes de fazer a cena, sabíamos o que íamos filmar, que veríamos apenas os rostos e que não nos precisaríamos a sério”, garante.
No entanto, os produtores reconheceram que não alertaram as autoridades cinematográficas francesas sobre a cena com antecedência e que essa "falha administrativa" levou à perda de financiamento do Estado.
Os procuradores de Paris dizem que foi recebida uma denúncia em novembro e está a ser investigada.
Realizadora e produtora também rejeitaram as queixas de comportamento abusivo de Corsini que foram relatadas na imprensa francesa, dizendo que nenhuma acusação foi apresentada contra ela.
Houve críticas de um sindicato e de profissionais do cinema francês sobre a decisão tardia do festival de incluir "Le Retour", anunciada esta segunda-feira, que a imprensa diz que era para ter sido anunciado como o sétimo filme realizado por uma mulher na competição durante a conferência de imprensa de apresentação da programação a 13 de abril.
Alegações de comportamento impróprio em reportagens dos jornais Le Parisien e Libération forçaram o festival a suspender a sua seleção enquanto investigava o assunto.
O delegado-geral do certame, Thiérry Fremaux, é citado como tendo dito que não se deixaria influenciar por rumores.
"É uma sorte que o maior festival do mundo se tenha dado ao trabalho de verificar minuciosamente a verdade. Qualquer outra decisão abriria um precedente sério para o cinema de autor e para o próprio evento", diz o comunicado de Corsini Perez.
A inclusão de Corsini aumenta o número recorde de mulheres competindo pela Palma de Ouro para sete em 21 filmes. O recorde anterior de cinco foi estabelecido no ano passado.
O festival deste ano, de 16 a 27 de maio, apresenta estreias dos novos filmes de "Indiana Jones" e da Pixar, bem como o mais recente de Martin Scorsese, "Killers of the Flower Moon".
Abrindo o festival está o filme de regresso de Johnny Depp, "Jeanne du Barry", cuja realizadora francesa Maiwenn está sob investigação por alegadamente agredir um jornalista.
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