Faye Dunaway vai aparecer no filme italiano que marca o controverso regresso de Kevin Spacey ao cinema após ter sido acusado por mais de 20 pessoas de agressão e assédio sexual em 2017.
Segundo o produtor do projeto, a rodagem já terminou na semana passada e o filme estará pronto em setembro; o envolvimento da lendária atriz e vencedora de um Óscar apenas foi conhecido com a revelação esta quarta-feira no Festival de Cannes do poster oficial de "L’Uomo Che Disegno Dio" ["The Man Who Drew God" em inglês, "O homem que desenhou Deus", em tradução literal].
Apesar de ter um papel secundário, o ator norte-americano aparece com grande destaque proeminente e é o segundo nome nos créditos a seguir a Franco Nero, o protagonista e realizador italiano.
A história do filme é sobre um artista cego (Nero) que consegue desenhar pessoas a partir das suas vozes e é acusado injustamente de abusar de uma criança.
Faye Dunaway interpreta uma professora de Braille que é uma velha amiga e o ensinou a ler, que estava inicialmente destinada a Vanessa Redgrave, esposa de Nero, que se distanciou publicamente do projeto após notícias sobre o seu envolvimento terem sido mal recebidas.
Segundo o produtor do filme, a atriz e ativista britânica afastou-se porque, aos 84 anos, já não quer viajar.
"L’Uomo Che Disegno Dio" está a ser vendido em Cannes e o produtor destacou à publicação especializada Variety que há muitos compradores interessados à volta do mundo. Nas suas palavras, toda a controvérsia sobre o envolvimento de Kevin Spacey foi boa para o filme.
A onda de acusações que travou a grande carreira de Spacey, no final de 2017, correspondeu ao surgimento do movimento #MeToo, que nasceu a partir do caso do poderoso produtor Harvey Weinstein, acusado por dezenas de mulheres de abuso sexual e atualmente a cumprir uma pena de 23 anos de prisão.
Demitido da série "House of Cards", na qual interpretava um político sem escrúpulos, Kevin Spacey também foi cortado de Ridley Scott, "Todo o Dinheiro do Mundo", sendo substituído por Christopher Plummer.
Até agora, o ator tem evitado acusações criminais. Apesar de ter chegado a ser acusado formalmente em janeiro de 2019 de abuso sexual de um adolescente, em julho desse ano as autoridades retiraram as acusações, num caso que acabou enfraquecido pela própria alegada vítima, depois de um telemóvel com as alegadas provas ter desaparecido.
Em outubro do mesmo ano, um acordo confidencial fez cair outra acusação.
Apesar de terem caído vários processos nos EUA, as autoridades em Londres ainda investigam acusações que surgiram relacionadas com o período de 2004 a 2015 em que foi diretor artístico no teatro Old Vic, desmentidas com veemência.
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