Em conferência de imprensa, Redgrave juntou-se ao produtor Carlo Nero e ao político do Partido Trabalhista inglês Alfred Dubs para debater os pontos fulcrais de "Sea Sorrow", documentário dirigido pela britânica acerca da história subjacente às crises de refugiados, a nível mundial.
Após uma primeira projeção da longa-metragem, a atriz homenageada pela Academia Portuguesa de Cinema no passado domingo, no Festival Internacional de Cultura de Cascais, reiterou que a democracia se encontra ameaçada pelas "violações aos Direitos Humanos" e pela “falta de soluções" dos países europeus para erradicar o problema dos crescentes campos de refugiados.
"Sea Sorrow" trata-se de um documentário construído através das memórias da própria atriz e ativista política, bem como das recordações de Lord Dubs, que, em 1939, com seis anos, foi transportado juntamente com outras crianças de terras alemãs sob domínio Nazi para Inglaterra, ficando a cargo de familiares.
Na sua ótica, essa política de 1939 – de nome ‘Kindertransport’ - devia ser aplicada atualmente, já que os "refugiados acolhidos podem ser vistos como um benefício a longo prazo", numa altura em que a "Europa está a ser posta à prova" e que os "governos estão a falhar ao rejeitar [os refugiados]".
Redgrave salientou, ainda, a necessidade de responder ao "desafio de encaminhar a opinião pública" em direção a uma política a favor dos refugiados, o que faz com que filmes como "Sea Sorrow" tenham “uma importância enorme para alertar o público" e fazer "a União Europeia ganhar consciência como um todo".
A atriz lança um apelo ao público para apoiar a causa dos indivíduos que foram deslocados das suas terras, como consequência de conflitos.
De uma forma ou de outra, o trio que representou a equipa de "Sea Sorrow" deixou claro que a obra pretende "desencadear uma mudança" no panorama social corrente, abrindo caminho para a receção de mais refugiados em solo europeu, na esperança de alterar o rumo "da ação governamental" contra refugiados.
Nero destacou as "iniciativas das escolas [britânicas] nas quais os alunos organizam 'dias dos refugiados'", demonstrando sinais de empatia para com "os horrores que as crianças passam [nestas condições] na tentativa de serem salvas".
Dubs seguiu o raciocínio do produtor, acrescentando que "as crianças não apresentam o cinismo que se sente da parte dos média", e chamando a atenção para o "compromisso de organizações" como a Safe Passage e a Save The Children, cujos "voluntários ajudam os mais vulneráveis nas piores condições", desempenhando um "papel vital".
Por fim, a ativista política já galardoada com um Óscar da Academia pela sua prestação no filme "Julia" (1977), voltou a assinalar o seu apoio para como a posição política da chanceler alemã Angela Merkel, adiantando que esta está certa ao defender que "todos os países europeus deviam partilhar a responsabilidade" do acolhimento dos grupos de refugiados.
Redgrave mostrou gratidão aos portugueses a cargo da distribuição de "Sea Sorrow", declarando-se a favor de incluir o documentário nos programas escolares para consciencializar mais crianças da situação que o continente europeu atravessa.
“Sea Sorrow” tem distribuição em Portugal da Leopardo Filmes e estreia-se nos cinemas a 28 de setembro.
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