Numa conferência de imprensa realizada na Culturgest, os elementos da direção do DocLisboa comentaram que esta edição foi criada «em condições particularmente duras», em que o festival teve um corte de 20 por cento dos apoios habituais.
Organizado pela
Apordoc - Associação para o Documentário, o Doclisboa vai decorrer entre 18 e 28 de outubro na Culturgest, Cinema Londres, Cinema São Jorge, Cinemateca Portuguesa, Carpe Diem Arte e Pesquisa, Galeria Palácio Galveias e LuxFrágil.
Vão ser exibidos 186 filmes, 68 deles portugueses, e atribuídos prémios em competições nacionais e internacionais.
«A crise atual reflete-se na programação e na produção do festival, mas esta é uma edição de resistência, para pensar o cinema como campo artístico e político», afirmou a realizadora Susana de Sousa Dias, membro da direção.
Acrescentou que o objetivo desta edição que celebra uma década é também levar o certame «de uma forma viva, ao encontro do público».
Sublinhou ainda que há uma expetativa de, através do festival, «celebrar o cinema e proporcionar um espaço de prática de cidadania, lançando as sementes para os futuros festivais».
Susana Sousa Dias indicou que este ano a Apordoc, como estrutura com várias iniciativas no setor do cinema, não recebeu qualquer apoio do Estado e, por isso, se encontra «em circunstâncias extremas».
No final da conferência de imprensa, em declarações à agência Lusa, Ana Jordão, membro da direção responsável pela área de produção, indicou que, apesar da Apordoc este ano não ter tido qualquer apoio do Estado, o festival manteve um apoio público.
Revelou que a edição deste ano do Doclisboa teve um apoio financeiro de 337 mil euros, provenientes da Câmara Municipal de Lisboa, do Instituto do Cinema e do Audiovisual (organismo da Secretaria de Estado da Cultura), do programa europeu Media e da Culturgest.
A este valor acresce um apoio de vários parceiros feito em produtos, serviços e cedência de infraestruturas ou equipamentos, que representa cerca de 400 mil euros.
«Notou-se este ano uma grande quebra nos apoios das parcerias, e isso tem a ver com a crise que o país vive», avaliou.
Este ano, o festival apresenta três novas secções: Cinema de Urgência, sobre o aumento de pessoas que documentam a realidade social e política, Verdes Anos, sobre os filmes produzidos em contexto de escolas de cinema e comunicação, e Passagens, sobre o cinema que é exibido nos museus e a entrada do documentário na arte contemporânea.
Augusto M. Seabra, crítico de cinema, sociólogo e produtor associado do festival, indicou, na conferência de imprensa, que além da retrospetiva de toda a obra da cineasta belga Chantal Akerman, que estará em Lisboa, o Doc prestará homenagem ao cineasta Fernando Lopes, falecido em maio deste ano, aos 76 anos.
Serão apresentados três filmes raramente exibidos do realizador português, e mais ligados ao cinema documental:
«As Pedras e o Tempo» (1961), filmado em Évora,
«Cinema» (2001), uma homenagem à produção portuguesa, e
«Olhar/Ver - Gérard Fotógrafo» (1998), sobre Gérard Castello-Lopes.
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