O festival de cinema DocLisboa, em outubro, é dedicado ao programador e crítico Augusto M. Seabra, terá Pierre Creton como realizador convidado e faz a estreia nacional de filmes de Marta Mateus, Mati Diop e Oliver Stone.
A programação completa foi hoje anunciada em Lisboa, sob a direção da produtora e programadora Paula Astorga, que sucedeu no cargo a Miguel Ribeiro. A 22.ª edição, de 17 a 27 de outubro, contará com 183 filmes, dos quais 30 são de produção portuguesa.
“Juntos compõem um retrato da contemporaneidade, do humano e daquilo que o rodeia, apaixona e atormenta”, referiu a direção em nota de imprensa.
O DocLisboa tinha já anunciado grande parte da programação deste ano, completando-a agora, nomeadamente com as secções competitivas internacional, nacional e “Verdes Anos”.
A competição portuguesa, por exemplo, apresenta dez filmes, entre os quais obras que já tiveram uma primeira exibição em festivais internacionais, nomeadamente “Fogo do vento”, primeira longa-metragem de Marta Mateus, e “Espiral em Ressonância”, de Filipa César e Marinho de Pina.
A eles juntam-se a coprodução “As noites ainda cheiram a pólvora”, do realizador moçambicano Inadelso Cossa, e o documentário “O palácio dos cidadãos”, uma reflexão de Rui Pires sobre a democracia, vendo por dentro a atividade do Parlamento.
O DocLisboa acolherá ainda a estreia mundial do documentário “Por ti, Portugal, eu juro”, de Sofia da Palma Rodrigues e Diogo Cardoso, que resultou de uma investigação jornalística da revista digital Divergente sobre os militares africanos que combateram na Guerra Colonial do lado das Forças Armadas Portuguesas.
No festival estão previstas ainda as estreias portuguesas de “TWST - Things We Said Today”, de Andrei Ujica, a partir da passagem dos Beatles em 1965 pelos Estados Unidos, de um retrato do atual presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, pelo realizador Oliver Stone em “Lula”, “The Invasion”, de Sergei Loznitsa, e “Dahomey”, de Mati Diop.
Este ano, o festival presta homenagem ao programador e crítico cultural Augusto M. Seabra, que morreu no início de setembro.
“A programação de cinema como extensão da crítica era, para Augusto, uma forma de convocar o mundo para se pensar cinematograficamente – portanto, uma questão de vida”, lembrou o DocLisboa, com o qual Augusto M. Seabra trabalhou.
Anteriormente, o DocLisboa já tinha revelado a programação “Heart Beat”, na qual estão, entre outros, “O voo do crocodilo – O Timor de Ruy Cinatti”, de Fernando Vendrell, “Spirit of Nature”, do realizador francês Léo Favier, sobre o mestre do cinema de animação Hayao Miyazaki, e “Diário de Estrada: Bruce Springsteen e The E Street Band”, de Thom Zimny.
O festival vai dedicar, em conjunto com a Cinemateca Portuguesa, uma retrospetiva ao realizador mexicano Paul Leduc (1943-2020), que será a maior fora do seu país e a primeira no continente europeu.
O festival abre com a longa-metragem “Sempre”, filme de montagem da realizadora italiana Luciana Fina a partir dos arquivos da Cinemateca Portuguesa, com imagens de cinema que acompanharam a preparação e o processo da revolução de 25 de Abril de 1974.
O DocLisboa vai decorrer na Culturgest, no cinema São Jorge, na Cinemateca, no Cinema Ideal e na Casa do Comum.
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