O filme "Desde allá", do cineasta venezuelano Lorenzo Vigas, foi premiado este sábado com o Leão de Ouro do Festival de Veneza por sua história sobre a solidão, ambientada em Caracas.
"Creio que este prémio será muito bem recebido no meu país, onde temos tido muitos problemas nos últimos anos. Espero que este prémio ajude um pouco. Estou seguro de que vamos dialogar entre nós para seguir em frente. Viva a Venezuela!" - declarou Vigas em inglês ao dedicar o prémio a seu país.
O filme, que ilustra os conflitos e as diferenças sociais, é marcado por um ritmo lento, os silêncios e os contrastes entre um mundo íntimo árido e outro externo vital.
Aplaudido pela imprensa especializada na sua primeira exibição, dividiu o público, mas sobretudo convenceu o júri presidido pelo mexicano Alfonso Cuarón.
O cinema latino-americano ganhou também o Leão de Prata para a melhor realização, com o argentino "El Clan", de Pablo Trapero, a nona longa-metragem do autor de "Mundo Grúa". Baseaia-se numa história real, ocorrida nos anos 1980 sobre a família Pucci, que fazia sequestros de extorsão de pessoas próximas e as matavam após as manter em cativeiro na sua própria casa, num bairro de classe média na periferia norte de Buenos Aires.
"Estou muito, muito feliz. Amo cinema, amo estar aqui. Estou feliz de estar com vocês", declarou emocionado Trapero.
O bom estado de saúde do cinema latino-americano havia sido antecipado à AFP pelo diretor do festival Alberto Barbera, que reconheceu que as obras mais inovadoras vêm desta região.
O cineasta americano Charlie Kaufman levou o Grande Prémio do Júri com "Anomalisa", uma animação "stop motion" baseada numa obra de teatro própria, que se pode tornar o primeiro filme do género proibido para menores pelas cenas de sexo ousadas entre bonecos.
A Itália, com quatro filmes na competição, ficou com um prémio de consolação, a Copa Volpi, pela melhor representação da atriz Valeria Golino no papel de uma mãe cega diante dos problemas da sua própria família em "Per Amore Vostro", de Giuseppe Gaudino.
"Obrigada, obrigada", disse com a sua reconhecida voz grave.
A França ganhou dois prémios, por "Hermine": a Copa Volpi do melhor ator para Fabrice Luchini e melhor argumento para Christiane Vincent.
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