A atriz australiana Cate Blanchett, Embaixadora da Boa Vontade da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), apelou à indústria cinematográfica para dar um salto e incluir as suas histórias “incríveis”.
“As pessoas deslocadas têm voz, têm uma história”, disse a atriz vencedora de dois Óscares numa palestra na segunda-feira no Festival de Cinema de Cannes.
"As suas histórias são tão incríveis e inspiradoras", notou.
Blanchett, que se reúne com refugiados como enviada da ACNUR desde 2016, disse que 114 milhões de pessoas foram deslocadas em todo o mundo pela violência e pela guerra.
“Fico sempre perplexa sobre por que mais filmes não falam direta ou indiretamente sobre isto”, disse.
“Quanto mais excluímos estas vozes das nossas narrativas, mais as diferenciamos”, salientou.
"Portanto, adoraria dizer às pessoas que, quando estiverem a pensar em realizadores com quem possam trabalhar ou em histórias nas quais possam estar interessadas... basta fazer uma lista de pessoas que não se parecem com vocês, que não tiveram experiências como as vossas e vejam quais as histórias que poderiam gostar de contar", disse.
“Acho que o que aconteceu com o antigo sistema dos estúdios foi que começaram a contar as mesmas histórias feitas pelas mesmas pessoas, pelas mesmas equipas, e ele morreu”, apontou.
Blanchett, que também é produtora, disse que ainda há trabalho pela frente.
“Pode-se ver isso nas reuniões com os estúdios de streaming, quando se vai apresentar uma história e eles dizem ‘Ah, adoramos, percebemos, ficámos muito emocionados, mas não faz parte do que podemos fazer'", recordou.
"E uma pessoa fica 'Vocês são parvos? Não têm outra história como esta no vosso alinhamento. Não querem ter um alinhamento dinâmico?'", acrescentou.
Blanchett está em Cannes para a estreia fora de competição de "Rumours", onde os sete líderes das democracias liberais mais ricas do mundo se perdem numa floresta a tentar redigir um comunicado.
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