O ator Edward James Olmos, conhecido por filmes como "Blade Runner, "Selena" e as séries "Acção em Miami" e "Battlestar Galactica", recordou que a falta de representatividade em Hollywood não afeta só a comunidade negra.
O tema surgiu durante uma entrevista ao que é um dos mais conhecidos e respeitados atores de origem latina nos EUA ao Deadline Hollywood sobre as recentes convulsões sociais nos EUA após a morte do afro-americano George Floyd por um polícia branco.
O ativista que durante muito tempo tentou fazer filmes sobre a sua cultura e etnicidade defende que Hollywood tornou todo o debate à volta da representatividade uma questão a "preto e branco" que envolve as comunidades africanas e caucasianas, deixando de fora as asiáticas, indígenas e latinas.
Como um exemplo da forma como Hollywood retrata heróis latinos surgiu "Argo": Ben Affleck interpretou o latino Tony Mendez (1940-2019), o agente da CIA que planeou a engenhosa operação de resgate de diplomatas americanos no Irão em 1980.
"Ele nunca devia ter interpretado Tony Mendez. Ele era o realizador e devia ter conseguido o Michael Peña ou Andy Garcia, ou eu próprio, Jimmy Smits, qualquer um de uma quantidade enorme de pessoas que podiam lidar com esses papéis", explicou.
A explicação de Ben Affleck, a de que o estúdio não fazia o filme se não fosse ele a interpretar o papel, também não o convence.
"Tretas. Ele foi o realizador, ele escreveu. Ganhou o Óscar de Melhor Filme, portanto do que é que se está a falar? Tony Mendez era um 'Chicano', um americano-mexicano, nascido em El Paso, Texas. Agora, 99% das pessoas nem sequer sabem disso. Não fazem ideia que existiu um latino que fez aquilo", explicou.
Edward James Olmos acrescenta que uma explicação para a omissão da etnicidade pode ter sido algo que ele soube por outras fontes e que seria "uma história ainda melhor": a de que Tony Mendez odiava ser "Chicano" porque o pai mexicano abandonou a mãe americana após engravidá-la.
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