Em 1995, Mathieu Kassovitz revelou-se como um talento explosivo do cinema francês como o realizador e argumentista de "O Ódio".

Posteriormente, tornou-se também conhecido à frente das câmaras graças a filmes como "Um Herói Muito Discreto" (1996)", "Assassino(s)" (1997, que também realizou), "O Fabuloso Destino de Amélie" (2001), "Amen." (2002) e "Munique" (2005), e até passou por más experiências com os estúdios de Hollywood com "Gothika" (2003) e "Babylon A.D." (2008).

A passar por uma excelente fase artística com a popularidade gigantesca a nível internacional da aclamada série de espionagem "Le Bureau des Légendes" ("A Agência Clandestina"), já com cinco temporadas desde 2015, "Kasso" também é conhecido no seu país por falar sem filtro, deixando em entrevistas e nas redes sociais um rasto de comentários controversos sobre temas políticos e sociais, além da indústria do entretenimento.

Foi o que aconteceu numa entrevista para um segmento chamado "Sobrevalorizado ou subestimado" do Booska-P.com em que faz um elogio "envenenado" à Marvel e arrasa "Black Panther", mas também os filmes "Star Wars" mais recentes e ainda Vin Diesel, a estrela do seu "Babylon A.D.".

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Sobre o estúdio de super-heróis, Mathieu Kassovitz partilha a mesma opinião do colega americano Martin Scorsese: "Não é cinema, os filmes da Marvel. É um produto de entretenimento, de consumo em massa, feito por artistas absolutamente incríveis e é surpreendente o que fazem. Adoro ver os filmes, mas vejo-os a fazer uma coisa diferente".

Mas as palavras são mais duras sobre "Black Panther", o filme do estúdio de 2017: "Está seriamente sobrevalorizado, por uma razão muito simples. Desde logo, apropriam-se do título 'Black Panther'. Ao fazê-lo, destroem 60 anos de história da revolta afro-americana. Isto quer dizer que as próximas gerações de crianças vão crescer a associar Black Panther a este filme e não ao movimento".

Mas as críticas são também artísticas: "Se virem bem o filme em si, há muito poucos cenários reais, nenhum ator conhecido, ninguém deve ter ganhado mais de um milhão de dólares, devem ter sido todos pagos com fisgas, por isso é que o filme é barato. E venderam-no como 'Nós respeitamos os negros em todo o mundo ao fazer um filme'. Achei violento a nível político. Acho que é uma porcaria ao nível de cinema porque o filme é uma porcaria e é muito pequeno comparado com os outros".

Mathieu Kassovitz também despreza os mais recentes filmes "Star Wars".

"Houve uma altura em que se podia sentir emoção [...] Havia uma ligação com a realidade quando se via os 'Star Wars' dos anos 1980, em que se sabia que tudo era real, tudo era feito manualmente. Quando havia ação, era uma pessoa a sério que caia. Não nos podíamos dar ao luxo de fazê-los dar cambalhotas em todas as direções, como fizeram com o Yoda num episódio que nem sei qual do 'Star Wars' [foi no 'Episódio II - O Ataque dos Clones' (2002) e 'Episódio III - A Vingança dos Sith' (2005)]. Que falta de respeito! O que era belo no Yoda é que ele não se mexia, é um fantoche", justificou.

Foi também de forma desassombrada que se falou de Vin Diesel, com quem manteve uma conhecida relação tensa na rodagem de "Babylon A.D.".

"O tipo é uma anedota tão grande que não penso que seja sobrevalorizado e certamente que não acho que seja subestimado. Ele agarra-se apenas ao... bem, também podem dizer-me que apenas me agarro ao 'O Ódio'... mas ele, realmente só se agarra ao 'Velocidade Furiosa'", explicou.

"Acho que ele faz as pessoas rirem mais do que levarem-no a sério. Mas por outro lado, ele é um tipo que tem muito sucesso...", reconheceu.

VEJA O VÍDEO DA ENTREVISTA SEM FILTRO.