Josh Hartnett, o jovem galã de “Pearl Harbor” e “Cercados”, está a desfrutar de um notável renascimento depois de aparentemente desaparecer de Hollywood durante duas décadas.

Desde o ano passado, ele desempenhou um papel fundamental no vencedor dos Óscares "Oppenheimer", foi convidado nos aclamados sucessos de TV "The Bear" e "Black Mirror" e agora é o protagonista do 'thriller' "Armadilha", de M. Night Shyamalan.

Mas o ator de 46 anos disse à France-Presse antes da estreia do novo filme esta semana que nunca foi embora - a indústria está finalmente a oferecer-lhe os papéis "únicos" que sempre quis.

“Estes realizadores agora acham-me interessante”, disse Hartnett, via Zoom.

"Enquanto que, talvez, há alguns anos eu era, não sei, demasiado jovem para ser interessante?", acrescentou a rir.

"Talvez não tenha vivido o suficiente? Não sei o que foi", explicou.

Em “Armadilha”, Hartnett interpreta Cooper, um pai adorável que leva a sua filha adolescente ao espetáculo de uma estrela pop ao estilo de Taylor Swift.

No entanto, descobrimos quase imediatamente que Cooper é um assassino em série e todo o espetáculo é uma operação policial destinada a apanhá-lo.

“O conceito deste filme, que é tão giro, é que dizemos logo de caras que ele é o vilão”, diz Hartnett.

"E ainda assim precisamos que o espectador... torça por ele enquanto escapa da situação", nota.

O papel é o tipo de “andar na corda bamba” que o atrai desde que Harnett, no auge da fama, recusou a oportunidade de interpretar o Super-Homem e deixou abruptamente Los Angeles nos anos 2000.

Ele regressou ao seu estado natal, Minnesota, e mais tarde mudou-se para a Inglaterra, onde mora agora - mas nunca deixou de ser ator.

“Adoro representar na corda bamba e também a oportunidade de que, talvez, vá dar um trambolhão – isso deixa-me entusiasmado”, disse Harnett.

"Sinto vontade de fazer esse tipo de trabalho", esclareceu.

"Pearl Harbor"

Josh Hartnett na antestreia de "Pearl Harbor" no USS John C. Stennis a 21 de maio de 2001

“Armadilha” é um regresso aos géneros que tornaram Hartnett popular.

O seu primeiro papel no cinema foi "Halloween H20 - O Regresso", a sequela de terror de 1998 protagonizada por Jamie Lee Curtis.

Harnett rapidamente entrou nos 'thrillers' adolescentes "Mistério na Faculdade" e no mais sério "As Virgens Suicidas", a estreia como realizadora de Sofia Coppola.

A seguir, juntou-se à principal lista de Hollywood, interpretando um heróico piloto ao lado de Ben Affleck em “Pearl Harbor”, de 2001.

O épico da Segunda Guerra Mundial realizado por Michael Bay foi atacado pelos críticos, mas deu lucro apesar de um orçamento exorbitante de 140 milhões de dólares à época.

Nesse mesmo ano, Hartnett aumentou a cotação ao interpretar um soldado das forças especiais em “Cercados”, de Ridley Scott.

Mas após abandonar Los Angeles, despedir o seu agente e rejeitar mais personagens de “heróis” genéricos, os grandes papéis no cinema secaram.

Artigos começaram a aparecer na imprensa de Hollywood com manchetes como "O que aconteceu a Josh Hartnett?"

Rejeitar rótulos

Josh Hartnett como Ernest Lawrence em "Oppenheimer"

Durante anos, Harnett trabalhou principalmente com realizadores mais jovens, ajudando-os a fazer os seus filmes, muitas vezes fora do sistema de Hollywood.

Isso parece ter finalmente mudado, especialmente desde “Oppenheimer”, de Christopher Nolan.

“Não preciso ajudar o Chris Nolan a fazer o seu filme! Mas pude fazer parte de um mundo e com um realizador que considero um dos melhores em atividade neste momento”, disse.

Harnett interpretou Ernest Lawrence, um respeitado colega de Oppenheimer que se desentendeu com o brilhante físico por causa das suas primeiras tendências comunistas e infidelidades conjugais.

O papel de Harnett em “Armadilha” é decididamente menos decente moralmente, apesar da aparência superficial enganadora de Cooper como um pai doce e carinhoso.

A pesquisa que envolveu a leitura de livros sobre a psicologia de psicopatas intensamente “encantadores” que “se escondem à vista de todos” foi fascinante, embora perturbadora, disse o ator.

“Estava sempre a tentar fazer coisas fora da caixa”, recorda.

“E agora, suponho, não sou rotulado e as pessoas estão a permitir-se interpretar estas personagens díspares. E é ótimo. Realmente sinto que tenho sorte", resume.

VEJA O TRAILER DE "ARMADILHA", JÁ NOS CINEMAS.