A vencedora de um Óscar Angelina Jolie vai ser a protagonista de um filme sobre a vida da "la divina" Maria Callas, a maior cantora de ópera do mundo.
Este vai ser o novo filme do realizador chileno Pablo Larraín, que assinou "biopics" pouco convencionais sobre a antiga Primeira-Dama dos EUA Jacqueline Kennedy e a Princesa Diana, respetivamente em "Jackie", com Natalie Portman (2016), e "Spencer", com Kristen Stewart (2021).
Antes, dirigiu filmes no seu país com grande projeção internacional: "Tony Manero" (2008), "Não" (2012), "O Clube" (2015) e "Neruda" (2016).
"Jackie" centrava-se apenas no tempos na Casa Branca e a vida logo a seguir ao assassinato do seu marido John F. Kennedy, enquanto "Spencer" decorria no natal de 1991, quando a Princesa Diana decidiu que o seu casamento com o Príncipe Carlos não estava a funcionar e precisava desviar-se do caminho que a colocaria em linha para um dia ser a Rainha de Inglaterra.
Já o novo filme sobre Callas vai abordar a sua história "tumultuosa, bela e trágica", mas revivida e reimaginada durante os seus últimos dias de vida na Paris dos anos 1970.
O argumento é de Steven Knight, que escreveu "Spencer" e ainda filmes como "Promessas Perigosas" e "Locke", e é o co-criador das séries "Peaky Blinders" e "Taboo".
"Ter a oportunidade de combinar as minhas duas paixões mais profundas e pessoais, cinema e ópera, tem sido um sonho há muito desejado. Fazer isto com a Angelina, uma artista extremamente corajosa e intrigante, é uma oportunidade fascinante. Um verdadeiro presente", destaca Larraín no comunicado oficial.
"Levo muito a sério a responsabilidade a vida e o legado de Maria. Irei dar tudo o que conseguir para corresponder ao desafio. Pablo Larraín é um realizador que há muito admiro. Ter a oportunidade de contar mais da história de Maria com ele, e com um argumento de Steven Knight, é um sonho", acrescenta Angelina Jolie.
Maria Callas: 45 anos depois da morte, a sua estrela ainda brilha como poucas
Nascida a 2 de dezembro de 1923 em Nova Iorque como Sophia Cecilia Anna Maria Kalogeropoulou, de pais gregos, Callas estreou-se em Atenas em 1939/1940 com "papéis muito duros, como Cavalleria rusticana, Tosca, que requerem muita voz, projeção e força", recordava em 2017 Stéphane Grant, produtor de uma série de emissões na França sobre a artista.
"Canta em Itália óperas de Wagner e ao mesmo tempo em Florença 'Os Puritanos' de Bellini, que é a antítese de Wagner e requer uma voz elegíaca, à qual ela dá a sua força. Depois dela, ninguém fez nada igual! Nesse momento começou a revolução Callas", acrescentava.
"Mudou a forma como se interpreta ópera", lembrou pela mesma altura a soprano australiana Jessica Pratt.
"Para mim, como para muitas jovens cantores de hoje, continua a ser uma fonte de inspiração formidável", dizia a artista sobre a cantora que morreu a 16 de setembro de 1977, aos 53 anos.
Um dos seus principais legados foi ter revalorizado o "bel canto" italiano (Bellini, Donizetti, Rossini), aliando virtuosismo e força de expressão.
"Fez com que se voltasse a escutar uma parte do repertório que não se ouvia há um século - salvo algumas exceções -, porque havia caído no esquecimento ou porque os intérpretes eram coloraturas, sopranos com vozes leves, doces, nos agudos, que não tinham a força dramática necessária para esses papéis", dizia Grant.
"Callas tinha precisamente isso, além da característica trágica no cenário, que dava até aos seus papéis mais estúpidos. Refiro-me a 'A sonâmbula' de Bellini, sublime no plano musical mas bastante boba como história. Ela transformou-a numa ópera extraordinária", salientava o produtor.
Também adotou um papel de tragédia na sua vida: separou-se do seu esposo Giovanni Battista Meneghini, com a esperança de se casar com o seu grande amor, o magnata grego Aristote Onassis, mas ele preferiu Jackie Kennedy.
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