Com pouca representação este ano na competição de Cannes, a América Latina ganhou protagonismo com "Memoria", um filme símbolo do paradigma do cinema mais atual: rodado na Colômbia, produzido também pelo México, protagonizado pela britânica Tilda Swinton e dirigido por um tailandês premiado.
O filme de Apichatpong Weerasethakul, Palma de Ouro em 2010 por "O Tio Boonmee que se Lembra das Suas Vidas Anteriores", estreia na reta final da competição, cujo júri anunciará no sábado os premiados.
Com Swinton, participam a francesa Jeanne Balibar, os colombianos Juan Pablo Urrego e Elkin Díaz e o mexicano de origem espanhola Daniel Giménez.
"Tem um toque de melancolia e uma espécie de suspense", disse à agência France-Presse o realizador sobre seu primeiro filme rodado fora da Tailândia, em inglês e espanhol.
A história concentra-se numa agricultora de orquídeas que visita a sua irmã doente em Bogotá. Alguns sons estranhos, como estrondos, que apenas ela escuta, impedem-na de descansar.
Começa, então, uma busca para encontrar a origem do fenómeno misterioso, numa viagem sensorial e contemplativa que a levará para a floresta.
"Para mim, a realização de um filme, a experiência de assistir a um filme, é como um sonho, como uma imersão", declarou o cineasta, de 50 anos.
Ele deslocou-se à Colômbia em 2017, para um festival de cinema, e acabou por ficar quatro meses, como contou ao jornal francês Le Monde na semana passada.
"Interessa-me muito a cultura latino-americana e, obviamente, a floresta amazónica", afirmou.
Ao longo destes meses, viajou muito.
"A minha primeira intenção era ir para a Amazónia, mas sentia-me tão fascinado pelas cidades e pelas pessoas que, até agora, ainda não realizei esse sonho", acrescentou.
À margem de outras duas coproduções mexicanas, o musical "Annette" e "Bergman Island", com Tim Roth, "Memoria" é o único selo latino-americano de longa-metragem.
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