Alfonso Cuarón quase deixou passar a oportunidade de dirigir "Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban", mas ganhou juízo após a intervenção do seu grande amigo Guillermo del Toro.
Sem saber nada do mundo de fantasia criado por J.K. Rowling, o realizador mexicano ficou desconcertado quando chegou a proposta pouco depois de fazer o seu maior sucesso: "E a Tua Mãe Também" (2001), um drama erótico entre um trio de personagens interpretado por Gael García Bernal, Diego Luna e Maribel Verdú.
“Fiquei confuso porque estava fora do meu radar. Falo frequentemente com o Guillermo e, alguns dias depois, disse: ‘Sabes, ofereceram-me este filme do Harry Potter, mas é realmente estranho que me tenham oferecido isto'", revelou à revista britânica Total Film a propósito dos 20 anos do filme, que costuma estar entre os mais cotados junto dos fãs apesar de, na época, ter sido o que menos arrecadou nas bilheteiras (uns 'modestos' 796 milhões de dólares em todo o mundo).
Mas o seu compatriota, que conhecia bem o mundo de Hogwarts e a importância gigantesca da saga no cinema após os dois primeiros filmes realizados por Chris Columbus, nem queria acreditar na 'snobeira' do grande amigo.
"Ele disse 'Espera, espera, espera, disseste que não leste 'Harry Potter?'. Respondi ‘Acho que não é para mim'”, relembrou.
“Num vocabulário muito floreado, em castelhano, disse-me: ‘És um idiota arrogante'”, contou.
Já o produtor da saga recorda-se de querer diversificar o tom para "Prisioneiro de Azkaban".
“Tinha visto 'E a Tua Mãe Também', que adorei, e estranhamente pensei que ele seria o realizador perfeito para o terceiro Potter”, explicou David Heyman.
Reconhecendo que outros não pensavam o mesmo, acrescentou: "Podem imaginar o que alguns pensaram que fariam Harry, Ron e Hermione, depois de ver 'E a Tua Mãe Também'?… Era sobre os últimos momentos de ser um adolescente, e 'Azkaban' era sobre os primeiros momentos de ser um adolescente. Achei que ele poderia fazer o espetáculo parecer, de certa forma, mais contemporâneo. E trazer a sua magia cinematográfica”.
Cuarón, que já tinha feito alguns filmes em inglês sem grande impacto, viu abrirem-se a seguir as portas de Hollywood: seguiram-se "Os Filhos do Homem" (2006) e quatro Óscares ao todo por "Gravidade" (2013) e "Roma" (2018).
Comentários