Triatlo, a prova desportiva mais dura do planeta. Quatro quilómetros a nadar, outros 180 de bicicleta, 42 a correr, tudo de seguida. Uma prova de superação para qualquer pessoa, mas quando é feita por um homem diagnosticado com esclerose múltipla já dá um filme.
Foi o que o realizador espanhol Marcel Barrena imaginou quando conheceu num programa do Canal+ a história do empresário Ramón Arroyo, um empresário bem-sucedido a quem, a certa altura, foi diagnosticado com esclerose múltipla.
"Em alguns meses não será capaz de andar 100 metros", disse-lhe o médico.
Ramón Arroyo contou ao SAPO Mag como decidiu fazer algo muito diferente – trajeto descrito em "100 Metros", uma coprodução entre Espanha e Portugal (aqui, através da produtora MGN), que estreia esta quinta-feira nas salas portuguesas. A sua odisseia é representada pelo ator Dani Rovira, grande vedeta no país vizinho, mas no filme estão ainda Karra Elejalde, Alexandra Jiménez e os portugueses Ricardo Pereira e Maria de Medeiros.
Após ver o programa do Canal+ e com o assumido propósito de fazer filmes que 'contêm grandes histórias', Marcel Barrena, que já tinha no currículo outra narrativa inspiradora – um documentário (“Mon Pétit”) que acompanhou um homem de cadeira de rodas que, mesmo sem dinheiro, decidiu , e conseguiu, viajar pelo mundo –, entrou em contacto com o empresário em 2012.
"Quando recebi o telefonema fiquei a imaginar os meus amigos do outro lado a rirem-se. Pensei que era uma brincadeira!”, diz o empresário, que veio com o realizador a Lisboa para a antestreia.
“Depois foi muito emocionante, para mim e para a minha família, saber que era verdade, que queriam mesmo fazer um filme sobre a nossa história. Nunca sonhei que teria essa dimensão”, recorda.
No mundo real, a preparação foi duríssima e tomou um ano da sua vida. É uma odisseia de heróis?
'Não, esta é uma história de como um evento extraordinário afeta a vida de pessoas comuns – e sobre o heroísmo do dia-a-dia”, responde.
Falando em heróis, Arroyo acha que o público quer ver histórias de pessoas a sério.
“Estamos todos cansados de mentiras, como as dos políticos, por exemplo. No caso do cinema, temos estes super-heróis com pés de barro - fortes, altos, bonitos, mas completamente artificiais. Uma das coisas bonitas deste filme e responsáveis pelo seu êxito é que tratamos de uma história real”, garante.
A paternidade teve um papel decisivo. Curiosamente o seu filho adorava, justamente, o “Iron Man” [Homem de Ferro] – o mesmo da nome da prova que Arroyo decidiu disputar.
“Não tenho culpa da minha doença, mas o facto de ter um filho lembrou-me que não podia desistir. Foi graças a ele que decidi mudar de atitude. Hoje sou o herói dele, tal como qualquer outro pai”, conclui.
Trailer.
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