
"Nós dissemos isso no nosso parecer, que é público também, e dizemos que esse combate à desinformação deverá, de facto, ser objeto de uma estratégia clara da própria empresa, no sentido de criar programas para esse efeito", sublinha a responsável.
Para Deolinda Machado, não pode ser "uma leve linha, apenas para se dizer que, efetivamente, se teve em conta" o tema do combate à desinformação.
Aliás, é "demasiado importante e é grave a desinformação que ocorre e que confunde as pessoas e nós temos a obrigação, o serviço público tem a obrigação de esclarecer devidamente as pessoas daquilo que são as notícias falsas e o que não são e como ir às fontes e como saber selecioná-las e saber distinguir", prossegue a responsável.
E também "não repetir mensagens", mas ir atrás e ver a sua veracidade.
Trata-se de programas que precisam de ser "pensados para este efeito, para combater a desinformação e também ajudar à literacia mediática porque a aprendizagem faz-se todos os dias", refere a presidente do Conselho de Opinião, cujo atual mandato terminou.
Esta aprendizagem faz-se nas escolas, "mas não só" e a "RTP tem esta obrigação maior", salienta.
Quanto ao impacto da inteligência artificial (IA), Deolinda Machado considera que ainda se está "num momento de conhecimento".
Ou seja, "ainda não temos uma ideia do que pode efetivamente ser".
Agora, como princípio "é sempre bom, depende da forma como se usa", diz, porque toda a evolução é boa.
"Nós hoje não usamos a máquina de escrever, foi aí que eu comecei a fazer a datilografia", até se fazia um curso, mas agora "não uso a máquina de escrever, tenho-a lá guardada como museu", aponta.
A presidente do Conselho de Opinião da RTP, cujo mandato terminou, salienta que o algoritmo da IA é criado com base num pensamento, com um objetivo: "E qual é?", questiona.
"Isso é que precisamos saber. Com que objetivo? É para servir a população? É para informar com clareza, com verdade?", questiona-se, referindo a importância de se fazer a verificação de factos.
No entanto, admite que a inteligência artificial é uma ferramenta que "pode ajudar imenso".
Por exemplo, "numa leitura de N documentos, dando-lhe o algoritmo certo, a indicação certa, ele vai fazer aquela reunião de documentos, desde que a pergunta seja bem feita", prossegue.
"Também precisamos estudar mais filosofia, para saber fazer melhor perguntas, porque (...) são mesmo as perguntas que importam", refere.
E, depois, é preciso "ir verificar", esse trabalho não vai ser dispensado, na minha ótica" e na "reflexão que temos feito".
Em suma, "acho que temos muito mesmo, muito a aprender", contudo, a inteligência artificial "é boa", agora "depende do uso que soubermos dar", remata.
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