O filme brasileiro “O Palhaço de Cara Limpa” é o grande vencedor da 29.ª edição do Festival de Cinema AVANCA, numa edição marcada por distinções para Portugal e Brasil, anunciou na segunda-feira a organização, num comunicado com o palmarés.

Filmado nas ruas do Recife, no Brasil, “O Palhaço de Cara Limpa”, de Camilo Cavalcante, foi distinguido com o Prémio de Melhor Filme e também com os prémios de Melhor Banda Sonora e Melhor Atriz, atribuídos a Maria da Guia de Oliveira da Silva, numa obra assumida como “um manifesto poético e desesperado sobre o papel da arte num país em crise”.

Com uma edição marcada pela estreia de uma competição dedicada à inteligência artificial, o Festival AVANCA concluiu dez dias de programação com filmes, séries, obras de realidade virtual e com um tributo aos 500 anos do navegador Vasco da Gama e aos 80 anos do primeiro cineclube português, destacando "o cinema como forma de celebração da vida".

Na secção de longas-metragens foram ainda atribuídas Menções Especiais a “Obraz”, de Nikolas Vukcevic (Montenegro), e “They Loved Me”, de Mohammad Reza Rahmani (Irão), que receberam também distinções em Direção de Arte, Argumento e Melhor Atriz Secundária, esta última atribuída a Luila Bolukat.

Entre as curtas-metragens, o Brasil voltou a destacar-se com “A Sinaleira Amarela”, de Guilherme Carravetta de Carli, que arrecadou o prémio principal desta categoria, e o de Melhor Ator para João Carlos Castanha, enquanto o Prémio de Animação foi para “The Rope”, de Saba Javar (Irão).

“Bijupirá”, de Eduardo Boccaletti (Brasil), venceu o Prémio Estreia Mundial e o Prémio de Melhor Fotografia, reforçando a forte presença brasileira no festival, cujo júri foi presidido por Leonor Martins, da Federação Portuguesa de Cineclubes, e integrou cineastas da Alemanha, Espanha e Brasil.

Na Competição AVANCA, que distingue obras produzidas na região de Aveiro, os grandes vencedores foram “Criadores de Ídolos”, de Luís Diogo, e “Salto”, de Ana Castro, este último distinguido como Melhor Documentário e também com o Prémio Estreia Mundial.

O filme “Aqui, em Aveiro”, de Joaquim Pavão, venceu na categoria de Curta de Ficção, “The Gold Bed Deviations”, de Regina Mourisca, arrecadou o Prémio de Melhor Animação, enquanto o projeto estudantil “E se um Dia a Liberdade”, realizado por alunos orientados por João Católico, venceu o Prémio Estudantes.

A competição de filmes com inteligência artificial teve estreia absoluta no festival com a atribuição do Prémio CIAC a “To the Bones”, de Cláudio Sá, numa seleção que também destacou “Black Sun”, de Chih Hao Shen (Taiwan) com o segundo prémio, e “Morphogenesis”, de Mantrixa (Argentina), com Menção Especial.

O Prémio D. Quixote, atribuído pela Federação Internacional de Cineclubes, foi entregue ao filme iraniano “They Loved Me”, de Mohammad Reza Rahmani, numa decisão tomada por um júri de cineastas de Itália, Polónia e Portugal.

Quanto ao prémio para Melhor Documentário de Televisão foi para “L’acier a coulé dans nos veines”, de Thierry Michel e Christine Pireaux (Bélgica), com Menção Especial atribuída a “On Melting Snow”, de Mojtaba Bahadori, coprodução da Bélgica com a Islândia.

Na categoria de Séries de Televisão venceu “Ghosted MD”, de Jarett Bellucci (EUA), enquanto “O Ofício da Solitude – série II”, de Fernando Augusto Rocha, recebeu Menção Especial, com o júri composto por atores, argumentistas e críticos portugueses.

O prémio de Vídeo distinguiu “Sigma”, de Aram Manukyan (Arménia), e a Menção Especial foi para “Torii”, de Martin Gerick (Alemanha), enquanto na Realidade Virtual o prémio principal foi atribuído a “Coded Black”, de Maisha Wester (Reino Unido).

Os prémios dedicados aos criadores por faixa etária distinguiram a jovem realizadora portuguesa Lívia S. Furtado, com “A Luz do Mundo”, como Melhor Cineasta com menos de 30 anos, e o documentário brasileiro “As cores e amores de Lore”, de Jorge Bodanzky, com o Prémio Sénior.

Durante a Conferência Internacional Cinema – Arte, Tecnologia, Comunicação”, o Prémio Engenheiro Fernando Gonçalves Lavrador - em homenagem póstuma ao investigador português na área da semiótica, estética e teoria do cinema - distinguiu os investigadores Jorge Humberto Flores Romero e Juan Carlos Lobato Valdespino da Universidad Michoacana de San Nicolás de Hidalgo, no México.

No total, 10 júris constituídos por 35 individualidades de nove países atribuíram 28 prémios e sete menções especiais nesta edição.

O festival acontece todos os anos em Avanca, numa organização do Cine-Clube de Avanca e do Município de Estarreja com apoio do Instituto do Cinema e do Audiovisual/Ministério da Cultura, Juventude e Desporto, Instituto Português do Desporto e da Juventude, Turismo Centro, Junta de Freguesia e Paróquia de Avanca, Agrupamento de Escolas de Estarreja, além de várias organizações internacionais e entidades locais.