Sem ser das séries mais faladas da produção da Netflix (pelo menos quando comparada com as muito populares "House of Cards" ou "Orange Is the New Black"), "Unbreakable Kimmy Schmidt" não tem deixado de ganhar algum culto, que explicará o facto de esta comédia já estar a caminho da terceira temporada - depois de se ter estreado no serviço de streaming em março do ano passado, regressando há poucas semanas com a segunda época.
No centro da ação encontramos a mulher cujo nome lhe dá título, recém-chegada a Nova Iorque depois de 15 anos em cativeiro num bunker no Idaho, prisão decretada por um reverendo fanático. Mas se a premissa tinha muito para cair numa história amarga e traumática, acaba convertida num apelo à vida graças à dupla de Tina Fey e Robert Carlock, criadores e produtores executivos novamente juntos depois de "30 Rock", outra elogiada proposta de comédia para o pequeno ecrã.
Pela comédia tem andado também Ellie Kemper. A atriz de 36 anos conta com um currículo considerável, entre a versão norte-americana da série "The Office" ou filmes como "A Melhor Despedida de Solteira" e "21 Jump Street", mas parece estar a consolidar aqui a sua personagem mais emblemática até agora. Uma mulher na qual se revê e pela qual não esconde a admiração, conforme revelou numa entrevista telefónica ao SAPO MAG:
SAPO MAG - Como surgiu a oportunidade de protagonizar "Unbreakable Kimmy Schmidt"?
Ellie Kemper - Fui beber um copo com a Tina Fey e o Robert Carlock, para nos conhecermos. O meu agente combinou um encontro. Eles disseram-me que estavam a desenvolver uma série com esta personagem, apresentaram-me a ideia e depois voltámos a encontrar-nos. Falaram-me do argumento, gostei da proposta e acabou por avançar. Achei que tinha sido uma daquelas coisas demasiado boas para serem verdade, mas foi assim... A Tina e o Robert são geniais, fiquei muito lisonjeada por ter sido escolhida.
SAPO MAG - O que acha que os criadores da série viram em si? É parecida com Kimmy em alguns aspetos?
Ellie Kemper - Acho que ambos somos muito luminosas, bem dispostas, um pouco ingénuas - o que nem sempre é bom para mim, porque não deveria ser ingénua, mas ainda sou. Mas para além disso, acho que ela tem uma tenacidade e resiliência especiais que a tornam numa das personagens mais fortes que já interpretei. Admiro muito isso nela, ela não tem medo de nada, não deixa que os outros lhe digam o que fazer, faz sempre o que acha que está certo.
SAPO MAG - Desde as experiências no bunker até aos desafios em Nova Iorque, a protagonista já passou por muito...
Ellie Kemper - Ela nasceu com essa força, com essa capacidade de enfrentar desafios. E agora ela quer saber mais sobre ela própria e sobre a mãe, sobre aquilo que a leva a agir como age, o que é que a influenciou. E está disposta a aceitar essas respostas, até porque a experiência no bunker lhe deu bagagem para muita coisa, foi um período mais intenso do que qualquer outro. Como ela já afastou esse homem do seu caminho, está agora a perceber que continua a ter obstáculos que tem de enfrentar. Mas a vida é mesmo assim, é uma viagem, por muito clichê que essa definição possa parecer. A forma como lidou com a mãe mostra isso: em vez de se resignar com a mãe que tinha, aceitou-a.
SAPO MAG - Considera que esse otimisto e obstinação de Kimmy são a base do sucesso da série?
Ellie Kemper - Uma das marcas desta série é que é muito esperançosa, começando logo pelas cores muito vivas. Não é uma série irónica, há uma alegria genuína, uma celebração da vida, o que pode parecer foleiro mas está no centro da série. O facto de celebrar os sobreviventes... E o que me parece distinguir a Kimmie é que acabamos sempre por torcer por ela. Isso não acontece tanto noutras séries atuais, com anti-heróis que gostamos de acompanhar mas dos quais não gostamos necessariamente. Espero que a Kimmie sejam um exemplo de características que as pessoas gostem de ter. Ela gosta de viver, segue em frente, tenta ser a melhor pessoa que consegue... acho isso admirável.
SAPO MAG - Entretanto a terceira temporada já foi confirmada. Já sabe para onde vai a história?
Ellie Kemper - Vamos começar a filmar no outono mas ainda não sei muito do que vai acontecer. Estou entusiasmada porque há muitos bons cliffhangers. Quero seguir o que acontece com o reverendo, por exemplo. Ou com a Jackie a tentar mudra de vida. Ou o Mikey, gusto muito dessa história em particular.
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