Depois de se despedir da personagem que lhe deu fama internacional, o ator inglês, que faz 80 anos este ano, ficou tentado a voltar ao universo 'trekker' devido a uma nova visão de Picard.
"Faz 17 anos desde que eu disse 'au revoir' a Jean-Luc", declarou Stewart à AFP durante uma visita a Paris. E faz também um quarto de século desde o final de "Star Trek - A Geração Seguinte", o primeiro spin-off de "Star Trek", a popular série de ficção científica surgida nos 1960.
"Era minha intenção absoluta não apenas nunca voltar a este mundo, mas assumir que tudo o que podia ser dito havia sido dito - que não havia mais nada a dizer", acrescentou o ator.
Isso até Stewart começar a conversar com Alex Kurtzman, o criador de "Star Trek: Picard", e o argumentista Michael Chabon, que queria levar o comandante a lugares aonde nunca esteve antes.
Chabon traz um certo prestígio ao projeto como romancista premiado com o Pulitzer - mas ele também é um fã de longa data de Star Trek.
"Descobri que eles tinham ideias inesperadas e que estávamos num mundo diferente daquele criado pela 'Nova Geração'", afirmou Stewart, que nos últimos anos emprestou o seu talento a outro personagem emblemática, o professor Xavier de "X-Men".
Agitado e abalado
"Parece um novo início, porque Picard está numa situação completamente diferente daquela que vimos nos 178 episódios e quatro filmes anteriores", explica.
Por um lado, o agora almirante reformado, que sempre exibiu fleuma e autoridade, sofrerá uma genuína transformação na nova série, que estreia dia 23 de janeiro na CBS e na Amazon Prime.
O velho Picard perdeu o rumo, abalado pela morte do androide Data, que era um verdadeiro amigo para os seus colegas da Frota Estelar.
"O mundo ao redor dele transformou-se e já não é o mesmo mundo que ele conhecia", diz Stewart, que apareceu pela última vez a bordo da nave "Enterprise" no filme de 2002 "Star Trek - Nemesis".
Picard volta à ação para ajudar Dahj, uma jovem angustiada. Além disso, a nova série também mostra o protagonista a voltar às suas raízes gaulesas, enquanto a civilização francesa parece estar à beira da extinção.
Com algumas cenas gravadas numa vinha, Picard fala em sua língua nativa. "Tentamos criar um cenário o mais francês possível", disse Stewart à AFP.
Paralelos com o presente
Na nova série, Picard conta com a ajuda de Raffi Musiker, uma hacker investigadora com talentos incomuns interpretada por Michelle Hurd, que é atormentada pelos seus demónios e pelas relações complicadas com o capitão no passado.
"Acho que ela representa muitas pessoas, mulheres feridas e assombradas pelas escolhas e decisões que tomaram na vida", explica Hurd à AFP.
"Ela está apenas a tentar acordar de manhã e enfrentar o dia. Ela é muito, muito boa no trabalho dela. Às vezes acho que talvez essa habilidade... seja a coisa que a distrai do que a assombra", acrescentou.
A outra personagem feminina importante da série é Dahj, interpretada pela atriz britânica Isa Briones.
"Dahj coloca tudo em movimento... fazendo com que Picard se aventure numa nova missão", diz a atriz.
Embora não fosse uma grande fã da série original, Isa diz que sempre admirou os valores, como direitos humanos e diversidade, que a criação de Gene Roddenberry promovia muito à frente do seu tempo.
"Eu gosto de dizer que é uma bela responsabilidade que temos. As pessoas preocupam-se muito com esta saga ... Isso ajudou-as a encontrar as pessoas certas, que falam o mesmo idioma que os fãs", comentou.
Como costuma acontecer com a ficção científica, Briones disse que "as histórias refletem os eventos atuais".
"Vamos contar histórias que são pertinentes para este momento. Não estamos a dar lições, mas estamos a trazerluz aos dilemas humanos", acrescentou.
Comentários