A vida não tem sido fácil para Carrie Mathison e não será na sétima temporada de "Segurança Nacional" que as coisas mudam muito para a protagonista. Pelo menos não no arranque. Se a morte de Peter Quinn, na reta final da temporada anterior, mostrou que a tragédia que envolveu Nicholas Brody não era caso único, o cenário ficou ainda mais conturbado com a ameaça da nova Presidente dos EUA.
Quem não tem Donald Trump - e uma vez que Hillary Clinton ficou de fora da Casa Branca pouco tempo antes da estreia da temporada anterior - caça com Elizabeth Keane. Aparentemente uma aliada de Carrie Mathison durante as suas primeiras aparições, a personagem interpretada por Elizabeth Marvel foi responsável por uma das reviravoltas mais marcantes do percurso recente da saga, depois de sobreviver a uma tentativa de assassinato por parte do general General McClendon (Robert Knepper) - a tal onde Quinn acabaria por perder a vida, para desgosto de milhões de fãs.
Se sabemos que Carrie consegue sobreviver depois do adeus a uma das figuras centrais e mais carismáticas de "Segurança Nacional", a série arrisca reforçar o desgaste que algumas vozes lhe apontam, sobretudo desde o final da quarta temporada - ambientada no Paquistão e a propor um recomeço revigorante depois da despedida de Brody.
O volte-face de Elizabeth Keane, visto por muitos como uma tentativa de fazer com que a Presidente dos EUA na série siga os passos de Trump, dá o tom para o arranque da sétima temporada, que encontra Carrie a viver em Washington com a filha em casa da irmã. Mas o seu dia-a-dia não promete ser especialmente pacato quando Saul Berenson (Mandy Patinkin), o seu mentor, se encontra detido, sendo um dos 200 agentes dos serviços secretos presos por suspeitas de conspiração no último episódio da sexta época .
Quando a realidade supera a ficção
Conhecida por medir, como poucas séries, o pulso político dos EUA e fora deles, "Segurança Nacional" regressa depois da habitual visita de estudo do showrunner, argumentista e produtor Alex Gansa a Washington, juntamente com a equipa de argumentistas e alguns atores (como Claire Danes e Mandy Patinkin). Dos encontros com jornalistas e elementos dos serviços secretos acabam por surgir os contornos de cada temporada, embora a escrita do argumento tenha mostrado agilidade para se adaptar a acontecimentos reais que obrigam a mudar o plano inicial.
Além de Elizabeth Keane ter sido aparentemente promovida a uma das antagonistas da nova fase, Brett O'Keefe (Jake Weber), rosto mais visível das "fake news" na série, junta-se ao elenco regular depois de algumas aparições na sexta temporada. Não é o único a ter maior protagonismo, uma vez que Max (Maury Sterling), amigo e ex-colega de Carrie, promete continuar a ser um aliado indispensável (após ter surgido como pouco mais do que um figurante) e David Wellington (Linus Roache), Chefe de Gabinete da Casa Branca, deverá impor-se como rosto mais visível nos bastidores do poder.
Seja bem regressada
Para já, as primeiras reações da crítica à estreia da sétima temporada têm sido entusiastas. O site Indiewire considera que Carrie talvez já nem seja demasiado louca para um mundo tão louco enquanto aplaude a versatilidade do argumento e o cuidado evidente na pesquisa.
A CNN também dá o voto de confiança depois de ter visto o primeiro episódio, embora assinale que os melhores anos de "Segurança Nacional" pareçam estar lá para trás - nas primeiras temporadas, quando Barack Obama chegou a revelar que esta era a sua série favorita.
O site Vulture reforça o aplauso a Claire Danes e à habilidade de um argumento que dá conta dos abusos de poder de um governo "enlouquecido com o poder e a paranóia", com paralelos incontornáveis aos EUA de hoje. E nota que Debora Cahn se junta à equipa de argumentistas da série depois de passar por "The West Wing" ou "Vinyl", o que pode explicar a relativa lufada de ar fresco.
Cinco dias depois da estreia no Showtime, nos EUA, este primeiro episódio chega a Portugal na noite desta sexta-feira, às 22h15, na FOX. E marca o início do fim: a sétima temporada é a penúltima e a oitava poderá não estar diretamente relacionada com a história da saga até agora, revelou Alex Gansa, que considera mudar a ação para Israel na fase final. Para o melhor ou para o pior, o acerto de contas com Washington resolve-se ainda este ano...
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