A série revelação do verão de 2015 que acompanha a vida de Elliot, engenheiro de segurança virtual durante o dia e hacker durante a noite, está de volta. A segunda temporada de "Mr. Robot" estreia este domingo, 24 de julho, em Portugal, no TVSéries, às 23h00.

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Na primeira temporada, a Fsociety, grupo de hackers liderado por Christian Slater (Mr. Robot) ao qual se junta Elliot, consegue cumprir o objetivo de acabar com as dívidas de grande parte da população através de um ataque global à E Corp, empresa protegida pela Allsafe Cybersecurity, datacenter de referência (centro de processamento de dados; local onde estão concentrados equipamentos de processamento e armazenamentos de dados).

E na realidade? Será que um grupo pessoas com conhecimentos informáticos conseguiria operar um ataque a uma escala semelhante?

Mr. Robot
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Apesar de à primeira vista a ideia de ficarmos sem dívidas ser positiva, a verdade é que causaria um colapso da economia global e do sistema. Mas com isso não temos de nos preocupar, pelo menos por agora. "Na realidade, um grupo de hackers não conseguiria acabar com a crise financeira mundial, não é uma realidade facilmente atingível", frisa Rafael Paulo, developer de software do SAPO. "Mas um grupo de hackers bem organizado e com bastante cuidado nas suas suas ações consegue causar algum impacto", acrescenta.

Fábio Matias, front-end developer no SAPO, considera que "Mr. Robot" soma pontos por abordar temas da atualidade, mas também julga quase impossível um "ataque da dimensão do da série". "Na série está tudo elaborado de forma a que seja possível um ataque. No mundo real duvido muito que tivesse essa magnitude e acabar com a economia global", sublinha.

Mr. Robot
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Em "Mr. Robot", alguns aspectos e conceitos são simplificados, explica Marco Ramos, administrador de sistemas no SAPO. "Em termos de escala, a série é muito exagerada. Não faz sentido. Um ataque assim exigiria uma sofisticação muito maior do que aquela que é retratada", defende.

Um dos principais erros apontados à produção do USA Network está relacionado com o data center atacado. Segundo Eduardo Cunha, na realidade há cada vez mais redundância para travar possíveis ataques e perdas de informação. "Hoje em dia existe muita redundância. Isso é uma das falhas da série onde só existe um data center para tudo e, na realidade, não é o que acontece. A informação está espalhada por vários sítios e não está centralizada", esclarece o web developer.

Marco Ramos explica ainda que os dados, em especial os bancários, "estão muito bem protegidos". "Os dados estão replicados por vários sítios, sujeitos a várias auditorias que garantem que os dados estão bem protegidos e que em caso de ataque tudo seja facilmente recuperado", acrescenta.

Pelo lado dos hackers seria praticamente impossível levar a cabo um ataque da dimensão do da série. Mas será que na realidade as empresas estão preparadas para lidar com grupos que tentam causar danos nos sistemas informáticos?

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"As empresas tentam estar preparadas. Mas duvido que seja possível estar sempre à frente dos hackers porque acabam sempre de encontrar uma forma de dar a volta", advoga Fábio Matias. Apesar disso, Rafael Paulo conta que "as empresas já têm uma secção de segurança para proteger os dados". "Os hackers para entrar numa base de dados têm de descobrir um bug, uma falha de segurança, um ponto de entrada esquecido ou deixado lá propositadamente", explica.

Os conceitos usados em "Mr. Robot"

Bug, encriptação, data center ou backdoor são alguns dos termos usados na série "Mr. Robot". Para o administrador de sistemas do SAPO, Marco Ramos, o "público em geral não consegue entender os conceitos. A ideia é partilhada por Fábio Matias: "Quando estão a explicar os planos para atacar as infraestruturas, falam muito de encriptação. Uma pessoa não sabe muito bem o que significa".

Porém, Eduardo Cunha considera que a linguagem usada na série é mais verosímil do que outras produções sobre o mundo informático. "Os aspectos técnicos estão próximos da realidade. Não mostram apenas ecrãs cheios de janelas a abrir e a fechar. É mais realista", frisa.

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"Mr. Robot" é um dos regressos mais aguardados do ano. Quando nos despedimos de Elliot, toda a sua vida estava a desmoronar-se. O que é real? Como está a sua saúde mental? Estas são algumas questões que serão respondidas na segunda temporada, de acordo com o criador. "Toda a série é sobre a jornada emocional de Elliot”, revelou Sam Esmail, acrescentando que os novos episódios serão centrados na forma como Elliot lida com o facto de ter alucinações.

Os novos episódios da série da USA Network estrearam no dia 13 de julho, nos Estados Unidos. Em Portugal, a segunda temporada arranca este domingo, 24 de julho, às 23h00, no TVSéries, com um episódio especial de duas horas.