“Na vida real toda a gente vai para casa, ninguém vai preso”, afirmou Tony Carreira à saída do Tribunal de Santarém, após a leitura da sentença do caso do acidente que provocou a morte da filha, a cantora Sara Carreira, em 05 de dezembro de 2020, na autoestrada 1 (A1).
Em declarações aos jornalistas, o cantor acusou os arguidos de adotarem “uma tática de advogados”, acusando-os de jogar “a carta da amnésia” para dizerem “aquilo que lhe dá mais jeito”.
Referindo-se diretamente a Paulo Neves, que conduzia sob o efeito de álcool e que foi condenado a três anos e quatro meses de prisão, pena suspensa por três anos sujeita a regime de prova, Tony Carreira admitiu que não entendeu a intenção do Ministério Público em “ilibar uma pessoa que é bêbeda e que ia a 28 km/h”, tal como veio a ser reconhecido no julgamento.
“Para mim é o maior culpado deste filme todo”, afirmou o cantor que, apesar de “não estar satisfeito” com sentença e com o comportamento dos arguidos, revelou que não vai recorrer da decisão.
“Hoje vou virar a página, aconteça o que acontecer não volto cá mais. Para ser sincero nem ouvi as penas”, disse Tony Carreira.
Sobre o acidente, o cantor reforçou o facto de o tribunal considerar provado que a estrada onde ocorreu o acidente não apresentava problemas de visibilidade e criticou a GNR por ter realizado o teste de alcoolemia ao arguido Paulo Neves quatro horas depois do acidente.
O advogado de Ivo Lucas (que conduzia o carro que transportava Sara Carreira e foi condenado a dois anos e quatro meses de prisão, suspensos por dois anos), discordou também da sentença, admitindo que poderá vir a recorrer da decisão.
“Eu, pessoalmente acho que decisão está errada, ainda não li a sentença”, disse o advogado Rodrigue Devillet Lima.
A advogada Carla Afonso, defensora da fadista Cristina Branco (condenada um ano e quatro meses de prisão, suspensos por igual período), e o advogado João Grade, defensor de Tiago Pacheco (acusado de condução perigosa e condenado com inibição de conduzir durante cinco meses), também admitiram recorrer da decisão.
Na leitura da sentença, a juíza considerou que Paulo Neves, Ivo Lucas (ambos acusados de homicídio por negligência grosseira) e Cristina Branco (acusada de homicídio por negligência) “contribuíram para o resultado” do acidente por terem assumido condutas como a omissão do dever de prestar cuidados, além de “condução desatenta”, “distração” e até “desleixo”, incumprindo com as regras de circulação rodoviária.
O acidente que vitimou Sara Carreira ocorreu em 05 de dezembro na Autoestrada 1 (A1), onde Paulo Neves conduzia alcoolizado e abaixo do limite de velocidade, tendo a fadista Cristina Branco embatido na sua viatura.
O cantor Ivo Lucas, que viajava com Sara Carreira, chocou com o carro de Cristina Branco e, por último, Tiago Pacheco embateu no carro de Ivo Lucas.
O julgamento dos quatro arguidos decorreu no Tribunal de Santarém desde o dia 24 de outubro de 2023.
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