A sétima edição do programa Território, dos Estúdios Victor Córdon, em Lisboa, a estrear na sexta-feira no Teatro São João, no Porto, reúne peças dos coreógrafos Akram Khan e Jermaine Spivey, mais um filme de João Sanchez.
"Território VII" é composto pela montagem de um excerto de "Kaash", coreografia do britânico Akram Khan, criada com o músico Nitin Sawhney e o artista plástico Anish Kapoor, e por "Between Outside and Me", uma nova criação de Jermaine Spivey, atual artista associado da Opera Ballet Vlaanderen, de Antuérpia, na Bélgica. O espetáculo completa-se com "Rebento", um filme de João Sanchez sobre repetição.
Destinado a jovens bailarinos, entre os 14 e os 18 anos, de escolas de dança de todo o país, o programa Território tem por objetivo promover o trabalho com criadores de dimensão internacional, na partilha de obras e processos de criação. Este ano, prevê ainda a atribuição de um prémio a um dos jovens bailarinos do programa.
"Kaash", estreada há 22 anos, mantém-se como uma das principais obras do coreógrafo e bailarino britânico. O bailado explora elementos da mitologia hindu e a "violência cósmica" do deus Shiva, num diálogo entre a dança contemporânea e o kathak, dança clássica indiana.
O jornal The Guardian, em 2016, numa nova apresentação da obra, destacou a sua atualidade, considerando-a "uma dança de destruição e criação": "Os seus cinco bailarinos acompanham a música em linhas que se agitam, rodopiam e tremeluzem, um conjunto que bate e do qual os indivíduos se separam continuamente em variações próprias, como se Khan estivesse a sugerir a infinidade de possibilidades dentro de uma única frase".
Em Portugal, do excerto de "Kaash" é apresentado o movimento, sem figurinos, cenografia e desenho de luz originais, segundo notas do programa.
"Between Outside and Me", de Jermaine Spivey, com música do próprio coreógrafo, é uma peça que exige dos jovens bailarinos a saída "das suas zonas de conforto, mental e fisicamente", através de múltiplas tarefas: "Devem ver-se e responder-se uns aos outros, respirar juntos, estar no ritmo não apenas da música e das contagens, mas ainda da sua ação coletiva", lê-se na sinopse da obra. "A coreografia exige precisão e exatidão, e esta exatidão é intencionalmente dificultada pelo facto de o tempo ser desconfortavelmente rápido ou lento".
"Rebento", por seu lado, "é um ensaio sobre um ensaio", como "uma pintura que ainda está fresca", é "um filme sobre repetição", como o seu texto de apresentação ecoa por diversas vezes.
O filme de João Sanchez venceu no ano passado o prémio Território - Estúdios Victor Córdon, na categoria de melhor realizador português, no festival InShadow – Lisbon ScreenDance, da associação Vo’Arte, nas áreas da vídeo-dança, documentário, animação e performance.
A estreia de "Território VII" no Teatro Nacional São João, na sexta-feira, é seguida de uma nova apresentação no mesmo palco no sábado, 20 de julho. Depois será apresentado no Teatro Aveirense, em Aveiro, no dia 23 de julho, no Teatro José Lúcio da Silva, em Leiria, em 27 de julho, e nos dias de encerramento do Festival ao Largo, em Lisboa, 31 de julho e 01 de agosto.
A par da estreia do programa, o Organismo de Produção Artística (Opart), que gere os Estúdios Victor Córdon, com a Fundação Millennium bcp, instituiu o Prémio Território, a atribuir a um dos jovens bailarinos, participantes no "Território" VII.
O prémio, apresentado como incentivo, "traduz-se no apoio à participação num estágio com a duração de duas semanas", na companhia de dança contemporânea neerlandesa NDT2, do Nederlands Dans Theater, em Haia, como o Opart avançou em comunicado.
O Opart gere os Estúdios de Dança Victor Córdon, a Companhia Nacional de Bailado, a Orquestra Sinfónica Portuguesa, o Coro do Teatro de S. Carlos e o Teatro Nacional de S. Carlos.
O distinguido do Prémio Território Fundação Millenium BCP será anunciado “no final do penúltimo espetáculo" de "Território VII”, em 31 de julho, no Festival ao Largo, em Lisboa.
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