Embora o documento legal, obtido pela AFP na passada sexta-feira, não identifique Tyler, o músico é citado nominalmente num comunicado assinado pela sua alegada vítima, Julia Holcomb, e distribuído pelos seus advogados.
"O caso que foi preparado pela minha equipa de advogados relata em termos legais a minha jornada desde o meu difícil início até à exploração por Steven Tyler", disse no texto Holcomb, que mudou o seu apelido para Misley.
A mulher, agora com 65 anos, alega que quando tinha 16, a sua mãe cedeu a sua custódia a Tyler, então com 25 anos, permitindo que eles vivessem e viajassem juntos sem implicações legais.
"Quando a autora tinha 16 anos, o ACUSADO ANÓNIMO 1 aproveitou o seu papel, status e poder como músico famoso e estrela do rock para se aproximar da autora, aliciá-la, manipulá-la, explorá-la e agredi-la sexualmente durante mais de três anos", diz o processo.
Os advogados de Holcomb explicaram que, devido a exigências legais, não podem confirmar a identidade do acusado, mas o processo cita o livro de memórias do artista de 74 anos.
"Os pais dela apaixonaram-se por mim, assinaram um papel para que eu ficasse com a custódia dela e não me prendessem se viajássemos para fora do estado. Eu levei-a em digressão", conta Tyler no livro, descrevendo o início do seu relacionamento com uma adolescente não identificada.
A revista especializada Rolling Stone, por sua vez, destacou que Julia Holcomb é citada num perfil de Tyler datado de 1976.
Atos criminosos
De acordo com o processo, o casal conheceu-se após um concerto no Oregon em 1973, quando Holcomb tinha acabado de fazer 16 anos.
O texto afirma que após conversar sobre a sua vida e a sua idade num quarto de hotel, o intérprete de sucessos como "Livin' On The Edge" e "Crazy" praticou contra ela “vários atos sexuais criminosos" e a mandou-a para casa de táxi.
No ano seguinte, continua o processo, Tyler teria enviado bilhetes para Holcomb se encontrar com ele na cidade de Seattle, onde a banda atuaria. Após o concerto, o cantor teria abusado dela novamente.
Por fim, Tyler foi até à casa da jovem e obteve com a mãe dela uma autorização de custódia.
A ação civil, que procura uma compensação financeira a ser determinada pelo tribunal, alega que o réu "coagiu e persuadiu [Holcomb] a acreditar que se tratava de uma 'relação amorosa romântica'".
Em 1975, Holcomb teria engravidado e após um incêndio no apartamento em que morava, Tyler teria pressionado a jovem para que fizesse um aborto, argumentando que temia que o feto sofresse complicações na sequência da inalação de fumo.
Holcomb, agora uma católica devota e ativista anti-aborto, entrou com a ação sob uma lei estadual da Califórnia prestes a expirar, que remove as limitações de tempo para processos de abuso infantil e assédio sexual.
“Graças a uma recente mudança legal, tenho uma nova oportunidade de tomar medidas legais contra aqueles que abusaram de mim quando eu era jovem”, disse Holcomb em comunicado. “Quero que esta ação exponha uma indústria que protege infratores famosos”, ressaltou.
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