O facto foi destacado pela ministra da Cultura, Dalila Rodrigues, no início da visita que assinalou o regresso da Companhia Nacional de Bailado (CNB) ao Teatro Camões, de que é a estrutura residente, cerca de uma semana antes da estreia do seu novo programa, composto pelas coreografias "The Look" e "Supernova", de Sharon Eyal e da dupla Iratxe Ansa/Igor Bacovich.
Essa estreia, marcada para o próximo dia 17, que abre o teatro renovado aos espetáculos públicos, assinala igualmente a entrada dos coreógrafos no repertório da CNB.
O Teatro Camões, sob traça do arquiteto Manuel Salgado, foi inaugurado em 1998, no âmbito da Exposição Mundial (Expo'98), e é a sede da CNB desde 2003.
As obras de requalificação, que decorreram entre janeiro e setembro deste ano, envolveram um investimento de 5,894 milhões de euros, numa intervenção a cargo do Atelier Risco, também responsável pelo projeto original, mas agora sob orientação do arquiteto Tomás Salgado.
O novo projeto traduziu-se na recuperação geral da cobertura e envolvente, na requalificação e modernização de equipamentos técnicos de cena, de climatização e de iluminação, na reabilitação das áreas de trabalho da CNB e na construção de áreas de descanso e recuperação física para os bailarinos, na melhoria da área de acolhimento público, na instalação de uma loja e, numa opção que marca de imediato a diferença em relação ao projeto original, na abertura de vãos no edifício, para a entrada de luz natural em vários espaços de trabalho.
A presidente do Organismo de Produção Artística (Opart), que tutela a CNB, Conceição Amaral, disse hoje que há “uma nova luz” sobre o teatro, e realçou não ter havido derrapagens em relação ao orçamento de exatamente 5.894,175,00 euros, com as obras a ficarem concluídas ainda antes do prazo previsto.
“Foi fundamental olhar para o edifício, caracterizar a sua atividade e dotá-lo de inteligência funcional, acrescentando a modernização necessária e integrando novos espaços fundamentais para profissionais da dança, para que o bem-estar diário e o desempenho das funções das várias equipas artísticas, administrativas e técnicas fossem uma mais-valia desta intervenção”, disse Conceição Amaral.
A responsável do Opart acrescentou que as obras vão ao encontro das “novas e exigentes alterações nas condições de segurança, [...] cumprindo objetivos e requisitos legais ao nível da sustentabilidade, eficiência e acessibilidades", o que obrigou, durante as obras, a uma transferência total "de pessoas e bens" para "outros espaços geridos pelo Opart", como o Teatro Nacional de São Carlos e os Estúdios Victor Córdon, "para garantir que a atividade não parava”.
E não parou. Durante este ano, a CNB saiu da “sua casa” e fez uma digressão por 38 cidades portuguesas, tendo apresentado 43 espetáculos aos quais assistiram 26.837 pessoas, num total de público hoje confirmado.
Dalila Rodrigues, durante a visita ao teatro, num dia em que o Governo aprovou, em Conselho de Ministros, um conjunto de medidas para o setor, disse que "todos somos poucos para a reafirmação da cultura”, destacando a importância de se falar em "investimento" no setor, em vez de "apoio ou subsídio", por entender que se trata de uma definição mais precisa.
Questionada pela agência Lusa sobre a proposta de Lei do Mecenato, a sua aprovação pelo Governo e entrada no Parlamento, a ministra da Cultura disse que hoje tinham sido apresentadas as linhas gerais e discutidos os princípios que visam simplificar a relação entre mecenas e quem é apoiado.
Dalila Rodrigues adiantou que há vantagens “muito grandes” em relação aos benefícios fiscais, neste modelo de mecenato, num contexto em que os mecenas, como afirmou, estão muito mais interessados em projetos consistentes do que na simples exposição do seu logótipo.
Comentários